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Por: Adelino Lobato |
Bem vindo e fique a vontade. Agradecemos qualquer comentário, sugestão, crítica ou colaboração.
quinta-feira, 26 de maio de 2011
quinta-feira, 19 de maio de 2011
A Pistola - Um Conto de Batman por Alan Moore
A PISTOLA
Um conto de Batman escrito por Alan Moore
Ilustrações por Garry Leach
(Originalmente publicado em "Batman Annual UK", de 1985)

"Johnny Speculux" não era seu verdadeiro nome.
Era apenas o nome que ele pichava nos vagões do metrô com seu exclusivo spray fosforescente. Quatorze letras para terminar antes do metrô começar a se mover novamente, algumas vezes esfolando a pele de seus cotovelos enquanto ele tentava finalizar as últimas letras. Ele tirou o nome de uma das velhas e amareladas revistas de ficção científica que seu irmão caçula vivia lendo. Johnny Speculux. Soava bem - e em tinta laranja fosforescente em letras garrafais parecia mesmo *espetacular*. Johnny Speculux gostava de coisas espetaculares mas parecia que ele nunca tinha dinheiro para torná-las assim. Então, para compensar, ele gostava de perambular em locais espetaculares. A Exibição "Lar 2000" na Feira de Gotham City era, aos olhos de Johnny, a última palavra em assombramento.
À sua esquerda havia uma enorme garrafa térmica com 20 metros de altura.
À sua direita ficava uma máquina de lavar cromada do tamanho de uma casa. Tudo era luminoso, colossal e reluzente, com brilhantes e coloridos holofotes brincando sobre os estandes e a multidão agitada. Famílias felizes moviam-se em correntes em volta dos estandes como cardumes de peixes tropicais coloridos num oceano de música ambiente. Johnny Speculux movia-se entre elas como um tubarão invisível. Ele sentia-se assustado e excitado. Ele sentia-se capaz de fazer qualquer coisa que quisesse. E no bolso de seu agasalho, fria, velha e pesada, estava A Pistola. Ele nunca teve uma pistola antes.
Ela não tinha um número ou marca. Era apenas A Pistola. Havia sido feita à mão em 1950 por um triste e velho armeiro chamado Lew Hirsch, e havia sido construída com um propósito muito especial. A esposa de Hirsch, Anna, foi baleada em um assalto à sua loja de armas e os duros traços do mafioso italiano que a matou ficaram gravados na memória de Lew. Cartazes de "Procurado" com o rosto de Toni Pavrotti se espalharam por toda Gotham City sem resultado. Lew Hirsch sentava-se até tarde da noite, dia após dia enquanto A Pistola ganhava forma na fraca luz de sua oficina no porão. Pensamentos de vingança ocupavam todos os momentos despertos do velho artesão. Talvez um dia, o destino o colocasse frente a frente com o homem que tirou-lhe sua esposa. Talvez um dia, ele estivesse na rua, ou então num bar, e ele veria e reconheceria o homem do outro lado como Pavrotti. E se isso um dia acontecesse, Lew Hirsch estaria preparado.
Ele terminou de construir A Pistola no outono de 1950.
No verão de 1952 ele leu no jornal que um homem, morto em um acidente numa estrada ao norte da Itália, havia sido confirmado como o fugitivo Toni Pavrotti. O jornal chegava a dizer que sua esposa e dois filhos mudaram-se para os Estados Unidos na esperança de recomeçar a vida.
Para Lew Hirsch, era tarde demais para recomeçar. Os pensamentos de vingança haviam sido o combustível para sua fraca vida por tempo demais. Agora Pavrotti estava morto e a arma criada com tanto esmero tornou-se um amontoado de metal para Hirsch. Mas ela pesava com uma terrível e inatingível vingança.
Em 1953, Hirsch deu a arma para seu cunhado, Julius Lipmann, em pagamento por um débito excessivo. Lipmann vendeu a arma para um parceiro de carteado, um homem chamado Vinnie Torrino, que a perdeu para um associado numa partida de pôquer.
O nome desse associado era Joe Chill.
Joe estava furioso na noite em que ele conquistou a arma, mas em vez de sua raiva passar como sempre acontecia quando ele ganhava um jogo, ela parecia ter permanecido com ele. Se Joe Chill tivesse nascido um pouco mais esperto e alguns anos mais tarde, ele poderia ter canalizado toda aquela raiva na política. Ele poderia ter se tornado um daqueles senhores magros, barbudos e com olhos agitados que bradam sobre justiça social. Mas Joe não dava a mínima sobre justiça social. A única coisa que lhe importava era o fato de que ele nunca tinha dinheiro. E isso significava que pessoas que *tinham* dinheiro eram o *inimigo*.
Era nisso que Joe estava pensando na noite em que ele ganhou A Pistola.
Ele continuava pensando nisso uma hora depois, quando quatro balas partiram da Pistola até o doutor Thomas Wayne e sua esposa Martha quando eles voltavam do cinema com Bruce, seu filho de seis anos de idade.
Mais tarde, Chill sentiu-se mal pelo garoto estar ali, mas decidiu que não era responsável pelo que aconteceria ao menino. Afinal, ele não pretendia *matar* o ricaço e sua esposa metida. Ele só queria a bolsa da dona. Se o marido não tivesse de repente decidido bancar o herói, os dois ainda estariam vivos. Simples assim. Apenas um acidente.
Ainda assim, Joe jamais esqueceria os olhos daquela criança... como se alguma coisa dentro da mente do menino tivesse se encolhido e adormecido para sempre, enquanto algo mais despertava pela primeira vez. Algo escuro, frio e impiedoso.
Quase vinte anos depois, Joe Chill veria aqueles olhos novamente, pouco antes de morrer. Os olhos o fitavam por trás de uma máscara azul. Os olhos do Batman foram a última coisa que ele viu.
É claro, Joe Chill não era mais o dono da Pistola. Ele a vendeu anos antes para pagar o aluguel. Desde então ela passou de mão em mão aleatoriamente, por bolsos, penhores e depósitos da polícia... até alcançar Johnny Speculux.
Johnny Speculux caminhava pelo salão, com um lado do seu agasalho mais pesado que o outro.
Ele passou entre uma enorme máquina de costura e uma gigantesca réplica em acrílico do emblema da RCA, reparando que a multidão parecia bem menor por ali. Na verdade, ele só conseguia ver um casal. Eles saíam de uma estrutura baixa com a forma de um ferro de passar que parecia ser o toalete público. Atrás deles arrastavam uma cansada e relutante garotinha que parecia ter uns quatro anos de idade.
O coração de Johnny Speculux começou a marretar enquanto ele andava na direção deles. Seus lábios secos pareciam colar um sorriso em seu rosto. Bem acima, os tristes olhos de um cachorro de quinze metros de altura encaravam com pesar a corneta de um igualmente enorme fonógrafo.
O silêncio quase sepulcral que se seguiu após o eco dos disparos só foi quebrado pelo pranto de uma criança. Uma multidão se aglomerou, e uma madame gorda num terninho azul tentava ficar entre a histérica menina e os imóveis corpos de seus pais. Um garoto de treze anos tocou levemente o corpo da mulher com o pé, apenas por ousadia. Uma mulher incrivelmente parecida com Elizabeth Taylor comia pipocas enquanto olhava para os corpos, enquanto comentava com sua vizinha em meio ao amontoado de pessoas:
"Ai, você viu só? Coitadinha da criança! Que tipo de marginal faz uma coisa dessas? Sabe o que eu acho? Cadeia é boa demais pra essa gente, é isso o que eu acho!"

A sombra era longa e fria, e quando ela pousou a multidão se calou. A sósia de Liz Taylor engoliu mais algumas pipocas e quase engasgou. Todos se afastaram para deixá-lo passar, o manto farfalhando enquanto suas pontas raspavam o chão liso por trás dele. Ele caminhou lenta e silenciosamente até os corpos e observou-os. Nada disse. Então andou até onde a criança estava, quando a madame de terninho prendeu a respiração e deu um passo para trás.
Ele ajoelhou-se e olhou dentro dos olhos arregalados da criança.
"Quem fez isto?", perguntou Batman gentilmente.
Johnny Speculux caminhava pelo salão, um pouco mais apressado, consciente o tempo todo do enorme peso em seu bolso que batia ritmadamente contra sua coxa. A gentil batida de metal ecoava a assustadora ladainha que circulava dentro de sua cabeça latejante.
"Quinze dólares e quarenta e quatro centavos. Quinze dólares e quarenta e quatro centavos. Quinze dólares e..."
Era todo o dinheiro que o casal tinha. Quinze dólares e quarenta e quatro centavos. Ele não estava mais se sentindo bem. Ele não se sentia mais como um tubarão e certamente não se sentia mais invisível. Todos olhavam para ele... ele captava seus olhares um segundo antes deles se virarem, hostis e suspeitos. Ele tinha que se afastar de toda aquela gente.
Pegou o elevador que ia até o topo de um gigantesco estande em forma de bolo, e chegou ao restaurante que ficava no alto da camada principal. Pediu um copo de café tamanho Jumbo e um enorme folheado de maçã com duas porções de creme, o que lhe custou dois dólares e noventa.
Sentou-se numa mesa perto da janela, onde podia ver as pessoas que circulavam pelo imenso salão de exibições. Elas fluíam juntas como correntes elétricas, vermelho intercalando com azul, com manchas de amarelo. Lembrou-se de seu folheado de maçã e forçou-se a comer.

No meio da décima-primeira mordida, sentiu que alguém o vigiava. Seus olhos percorreram todo o restaurante, mas ninguém parecia estar olhando em sua direção.
Foi quando alguém bateu do outro lado da janela.
A seis metros de altura.
Johnny Speculux virou-se, lentos e pesados calafrios de medo começando a deslizar por suas costas. Havia alguém agachado no parapeito de oito centímetros que circulava por toda a camada principal do enorme estande em forma de bolo. Vestia-se de escuridão negra, cinzenta e azul, encolhido como uma gárgula com um longo manto atrás dele. Mal parecia-se com um homem...
Ele estava encarando Johnny Speculux, e havia algo de familiar em seus olhos.
Havia algo neles muito parecido com o olhar daquela garotinha quando Johnny Speculux usou A Pistola. Eles tinham toda aquela calma e emotiva intensidade dos olhos de uma criança, mas no rosto de um adulto o efeito era aterrorizante.
Johnny Speculux gritou e deu um pulo, desequilibrando a mesa. Ela pareceu cair em câmera lenta. Todos no restaurante começaram a gritar ao mesmo tempo, mas então Johnny Speculux correu até a saída de emergência que ligava a camada superior do estande-bolo até o teto do centro de exibições. Fugindo como um morcego saído do inferno.
Quando ele alcançou a porta no alto da escadaria, o ar frio e cortante do teto o atingiu como um trem de carga, arrancando a adrenalina de seu corpo. Sua mente, no entanto, ainda dançava. Batman estava atrás dele. BATMAN. Atrás DELE.
Mas porquê? Ele não era alguém realmente perigoso, como o Coringa ou aqueles outros caras. Pessoas que podiam destruir Gotham, os Estados Unidos, ou mesmo o planeta inteiro se alguém os deixasse de mau humor. Ele era só Johnny Speculux, e tudo o que ele tinha feito foi apagar duas pessoas, mais por acidente do que por intenção. Não podia ser tão ruim assim, podia?
Um assobio metálico cortou o ar noturno como uma lâmina, e alguma coisa enrolou-se no cabo de apoio da caixa d'água no teto, conduzindo uma linha quase invisível. A linha tensionou, e uma sombra enorme e esvoaçante pairou até o topo.
Johnny Speculux estava correndo. Do outro lado do teto havia uma plataforma para os limpadores de vidro, suspensa por cordas que desciam até a rua. Seu coração batia como um martelo atingindo uma bigorna incandescente enquanto ele se equilibrava pelo lado do prédio até a plataforma a poucos metros do parapeito. O pânico apressava seus movimentos num borrão frenético... o Batman estava ali em cima com ele, em alguma parte atrás dele, em algum lugar entre as sombras. Quando ele agarrou a corda e a plataforma começou a descer em pulos dolorosamente curtos, Johnny Speculus fechou seus dedos frios em torno do peso dentro de seu bolso. Acima dele, a lua cheia o fitava como um ciclope insensível...
...e subitamente não havia mais lua. Algo a eclipsava.
Johnny Speculux ouviu alguém distante gritando com uma voz muito parecida com a dele. Ele disparou uma vez contra o caos de sombras penduradas no parapeito. Não houve reação... o farfalhar da capa tornava impossível saber se os tiros haviam atingido carne ou tecido. Ele atirou de novo.

A bala cortou a corda da plataforma.
A plataforma se desequilibrou.
Johnny Speculux e A Pistola caíram de uma altura de vinte e três andares. A Pistola tornou-se uma massa disforme de metal com o impacto no asfalto.
Ele foi identificado por sua arcada dentária. Seu nome era Gianni Carlos Pavrotti. Ele tinha dezoito anos e vinha de uma família italiana que havia chegado à América no começo dos anos 50.
"Johnny Speculux" não era seu verdadeiro nome.
E uma grande porção de vingança foi usada na fabricação daquela arma...
FIM
Um conto de Batman escrito por Alan Moore
Ilustrações por Garry Leach
(Originalmente publicado em "Batman Annual UK", de 1985)

"Johnny Speculux" não era seu verdadeiro nome.
Era apenas o nome que ele pichava nos vagões do metrô com seu exclusivo spray fosforescente. Quatorze letras para terminar antes do metrô começar a se mover novamente, algumas vezes esfolando a pele de seus cotovelos enquanto ele tentava finalizar as últimas letras. Ele tirou o nome de uma das velhas e amareladas revistas de ficção científica que seu irmão caçula vivia lendo. Johnny Speculux. Soava bem - e em tinta laranja fosforescente em letras garrafais parecia mesmo *espetacular*. Johnny Speculux gostava de coisas espetaculares mas parecia que ele nunca tinha dinheiro para torná-las assim. Então, para compensar, ele gostava de perambular em locais espetaculares. A Exibição "Lar 2000" na Feira de Gotham City era, aos olhos de Johnny, a última palavra em assombramento.
À sua esquerda havia uma enorme garrafa térmica com 20 metros de altura.
À sua direita ficava uma máquina de lavar cromada do tamanho de uma casa. Tudo era luminoso, colossal e reluzente, com brilhantes e coloridos holofotes brincando sobre os estandes e a multidão agitada. Famílias felizes moviam-se em correntes em volta dos estandes como cardumes de peixes tropicais coloridos num oceano de música ambiente. Johnny Speculux movia-se entre elas como um tubarão invisível. Ele sentia-se assustado e excitado. Ele sentia-se capaz de fazer qualquer coisa que quisesse. E no bolso de seu agasalho, fria, velha e pesada, estava A Pistola. Ele nunca teve uma pistola antes.
Ela não tinha um número ou marca. Era apenas A Pistola. Havia sido feita à mão em 1950 por um triste e velho armeiro chamado Lew Hirsch, e havia sido construída com um propósito muito especial. A esposa de Hirsch, Anna, foi baleada em um assalto à sua loja de armas e os duros traços do mafioso italiano que a matou ficaram gravados na memória de Lew. Cartazes de "Procurado" com o rosto de Toni Pavrotti se espalharam por toda Gotham City sem resultado. Lew Hirsch sentava-se até tarde da noite, dia após dia enquanto A Pistola ganhava forma na fraca luz de sua oficina no porão. Pensamentos de vingança ocupavam todos os momentos despertos do velho artesão. Talvez um dia, o destino o colocasse frente a frente com o homem que tirou-lhe sua esposa. Talvez um dia, ele estivesse na rua, ou então num bar, e ele veria e reconheceria o homem do outro lado como Pavrotti. E se isso um dia acontecesse, Lew Hirsch estaria preparado.
Ele terminou de construir A Pistola no outono de 1950.
No verão de 1952 ele leu no jornal que um homem, morto em um acidente numa estrada ao norte da Itália, havia sido confirmado como o fugitivo Toni Pavrotti. O jornal chegava a dizer que sua esposa e dois filhos mudaram-se para os Estados Unidos na esperança de recomeçar a vida.
Para Lew Hirsch, era tarde demais para recomeçar. Os pensamentos de vingança haviam sido o combustível para sua fraca vida por tempo demais. Agora Pavrotti estava morto e a arma criada com tanto esmero tornou-se um amontoado de metal para Hirsch. Mas ela pesava com uma terrível e inatingível vingança.
Em 1953, Hirsch deu a arma para seu cunhado, Julius Lipmann, em pagamento por um débito excessivo. Lipmann vendeu a arma para um parceiro de carteado, um homem chamado Vinnie Torrino, que a perdeu para um associado numa partida de pôquer.
O nome desse associado era Joe Chill.
Joe estava furioso na noite em que ele conquistou a arma, mas em vez de sua raiva passar como sempre acontecia quando ele ganhava um jogo, ela parecia ter permanecido com ele. Se Joe Chill tivesse nascido um pouco mais esperto e alguns anos mais tarde, ele poderia ter canalizado toda aquela raiva na política. Ele poderia ter se tornado um daqueles senhores magros, barbudos e com olhos agitados que bradam sobre justiça social. Mas Joe não dava a mínima sobre justiça social. A única coisa que lhe importava era o fato de que ele nunca tinha dinheiro. E isso significava que pessoas que *tinham* dinheiro eram o *inimigo*.
Era nisso que Joe estava pensando na noite em que ele ganhou A Pistola.
Ele continuava pensando nisso uma hora depois, quando quatro balas partiram da Pistola até o doutor Thomas Wayne e sua esposa Martha quando eles voltavam do cinema com Bruce, seu filho de seis anos de idade.
Mais tarde, Chill sentiu-se mal pelo garoto estar ali, mas decidiu que não era responsável pelo que aconteceria ao menino. Afinal, ele não pretendia *matar* o ricaço e sua esposa metida. Ele só queria a bolsa da dona. Se o marido não tivesse de repente decidido bancar o herói, os dois ainda estariam vivos. Simples assim. Apenas um acidente.
Ainda assim, Joe jamais esqueceria os olhos daquela criança... como se alguma coisa dentro da mente do menino tivesse se encolhido e adormecido para sempre, enquanto algo mais despertava pela primeira vez. Algo escuro, frio e impiedoso.
Quase vinte anos depois, Joe Chill veria aqueles olhos novamente, pouco antes de morrer. Os olhos o fitavam por trás de uma máscara azul. Os olhos do Batman foram a última coisa que ele viu.
É claro, Joe Chill não era mais o dono da Pistola. Ele a vendeu anos antes para pagar o aluguel. Desde então ela passou de mão em mão aleatoriamente, por bolsos, penhores e depósitos da polícia... até alcançar Johnny Speculux.
Johnny Speculux caminhava pelo salão, com um lado do seu agasalho mais pesado que o outro.
Ele passou entre uma enorme máquina de costura e uma gigantesca réplica em acrílico do emblema da RCA, reparando que a multidão parecia bem menor por ali. Na verdade, ele só conseguia ver um casal. Eles saíam de uma estrutura baixa com a forma de um ferro de passar que parecia ser o toalete público. Atrás deles arrastavam uma cansada e relutante garotinha que parecia ter uns quatro anos de idade.
O coração de Johnny Speculux começou a marretar enquanto ele andava na direção deles. Seus lábios secos pareciam colar um sorriso em seu rosto. Bem acima, os tristes olhos de um cachorro de quinze metros de altura encaravam com pesar a corneta de um igualmente enorme fonógrafo.
O silêncio quase sepulcral que se seguiu após o eco dos disparos só foi quebrado pelo pranto de uma criança. Uma multidão se aglomerou, e uma madame gorda num terninho azul tentava ficar entre a histérica menina e os imóveis corpos de seus pais. Um garoto de treze anos tocou levemente o corpo da mulher com o pé, apenas por ousadia. Uma mulher incrivelmente parecida com Elizabeth Taylor comia pipocas enquanto olhava para os corpos, enquanto comentava com sua vizinha em meio ao amontoado de pessoas:
"Ai, você viu só? Coitadinha da criança! Que tipo de marginal faz uma coisa dessas? Sabe o que eu acho? Cadeia é boa demais pra essa gente, é isso o que eu acho!"

A sombra era longa e fria, e quando ela pousou a multidão se calou. A sósia de Liz Taylor engoliu mais algumas pipocas e quase engasgou. Todos se afastaram para deixá-lo passar, o manto farfalhando enquanto suas pontas raspavam o chão liso por trás dele. Ele caminhou lenta e silenciosamente até os corpos e observou-os. Nada disse. Então andou até onde a criança estava, quando a madame de terninho prendeu a respiração e deu um passo para trás.
Ele ajoelhou-se e olhou dentro dos olhos arregalados da criança.
"Quem fez isto?", perguntou Batman gentilmente.
Johnny Speculux caminhava pelo salão, um pouco mais apressado, consciente o tempo todo do enorme peso em seu bolso que batia ritmadamente contra sua coxa. A gentil batida de metal ecoava a assustadora ladainha que circulava dentro de sua cabeça latejante.
"Quinze dólares e quarenta e quatro centavos. Quinze dólares e quarenta e quatro centavos. Quinze dólares e..."
Era todo o dinheiro que o casal tinha. Quinze dólares e quarenta e quatro centavos. Ele não estava mais se sentindo bem. Ele não se sentia mais como um tubarão e certamente não se sentia mais invisível. Todos olhavam para ele... ele captava seus olhares um segundo antes deles se virarem, hostis e suspeitos. Ele tinha que se afastar de toda aquela gente.
Pegou o elevador que ia até o topo de um gigantesco estande em forma de bolo, e chegou ao restaurante que ficava no alto da camada principal. Pediu um copo de café tamanho Jumbo e um enorme folheado de maçã com duas porções de creme, o que lhe custou dois dólares e noventa.
Sentou-se numa mesa perto da janela, onde podia ver as pessoas que circulavam pelo imenso salão de exibições. Elas fluíam juntas como correntes elétricas, vermelho intercalando com azul, com manchas de amarelo. Lembrou-se de seu folheado de maçã e forçou-se a comer.

No meio da décima-primeira mordida, sentiu que alguém o vigiava. Seus olhos percorreram todo o restaurante, mas ninguém parecia estar olhando em sua direção.
Foi quando alguém bateu do outro lado da janela.
A seis metros de altura.
Johnny Speculux virou-se, lentos e pesados calafrios de medo começando a deslizar por suas costas. Havia alguém agachado no parapeito de oito centímetros que circulava por toda a camada principal do enorme estande em forma de bolo. Vestia-se de escuridão negra, cinzenta e azul, encolhido como uma gárgula com um longo manto atrás dele. Mal parecia-se com um homem...
Ele estava encarando Johnny Speculux, e havia algo de familiar em seus olhos.
Havia algo neles muito parecido com o olhar daquela garotinha quando Johnny Speculux usou A Pistola. Eles tinham toda aquela calma e emotiva intensidade dos olhos de uma criança, mas no rosto de um adulto o efeito era aterrorizante.
Johnny Speculux gritou e deu um pulo, desequilibrando a mesa. Ela pareceu cair em câmera lenta. Todos no restaurante começaram a gritar ao mesmo tempo, mas então Johnny Speculux correu até a saída de emergência que ligava a camada superior do estande-bolo até o teto do centro de exibições. Fugindo como um morcego saído do inferno.
Quando ele alcançou a porta no alto da escadaria, o ar frio e cortante do teto o atingiu como um trem de carga, arrancando a adrenalina de seu corpo. Sua mente, no entanto, ainda dançava. Batman estava atrás dele. BATMAN. Atrás DELE.
Mas porquê? Ele não era alguém realmente perigoso, como o Coringa ou aqueles outros caras. Pessoas que podiam destruir Gotham, os Estados Unidos, ou mesmo o planeta inteiro se alguém os deixasse de mau humor. Ele era só Johnny Speculux, e tudo o que ele tinha feito foi apagar duas pessoas, mais por acidente do que por intenção. Não podia ser tão ruim assim, podia?
Um assobio metálico cortou o ar noturno como uma lâmina, e alguma coisa enrolou-se no cabo de apoio da caixa d'água no teto, conduzindo uma linha quase invisível. A linha tensionou, e uma sombra enorme e esvoaçante pairou até o topo.
Johnny Speculux estava correndo. Do outro lado do teto havia uma plataforma para os limpadores de vidro, suspensa por cordas que desciam até a rua. Seu coração batia como um martelo atingindo uma bigorna incandescente enquanto ele se equilibrava pelo lado do prédio até a plataforma a poucos metros do parapeito. O pânico apressava seus movimentos num borrão frenético... o Batman estava ali em cima com ele, em alguma parte atrás dele, em algum lugar entre as sombras. Quando ele agarrou a corda e a plataforma começou a descer em pulos dolorosamente curtos, Johnny Speculus fechou seus dedos frios em torno do peso dentro de seu bolso. Acima dele, a lua cheia o fitava como um ciclope insensível...
...e subitamente não havia mais lua. Algo a eclipsava.
Johnny Speculux ouviu alguém distante gritando com uma voz muito parecida com a dele. Ele disparou uma vez contra o caos de sombras penduradas no parapeito. Não houve reação... o farfalhar da capa tornava impossível saber se os tiros haviam atingido carne ou tecido. Ele atirou de novo.

A bala cortou a corda da plataforma.
A plataforma se desequilibrou.
Johnny Speculux e A Pistola caíram de uma altura de vinte e três andares. A Pistola tornou-se uma massa disforme de metal com o impacto no asfalto.
Ele foi identificado por sua arcada dentária. Seu nome era Gianni Carlos Pavrotti. Ele tinha dezoito anos e vinha de uma família italiana que havia chegado à América no começo dos anos 50.
"Johnny Speculux" não era seu verdadeiro nome.
E uma grande porção de vingança foi usada na fabricação daquela arma...
FIM
terça-feira, 17 de maio de 2011
Dorkly Bits: Humor & Games

por Augusto Severo
Humor na Internet é coisa dinâmica: muda toda hora e nos bombardeia com modinhas. De Memes à sátiras, a Internet nos propicia uma grande variedade de piadas,sejam elas boas ou apenas bem intencionadas; E o que é melhor, para todos os públicos. Mas definitivamente não é coisa fácil de se fazer: é preciso ser original, ter o timing certo e, mais importante, a capacidade de fazer as pessoas riem até mijarem nas próprias calças.
Dorkly (www.dorkly.com) é exatamente TUDO ISSO. Originado do já prestigiado College Humor, o grupo de humor americano que ja fez até programas da MTV gringa, DORKLY é o braço na internet responsável por fazer humor usando os GAMES como referências, e abordando seus personagens pops de maneira inusitada e desproporcionalmente hilária.
Em um dos vídeos, baseado no clássico, MS PACMAN, a Senhora PACMAN é divertidamente perseguida pelos fantasmas no labirinto, até que, ao chegar em casa, tira o laço da cabeça, revelando ser o SENHOR PACMAN! Ele ainda se indaga: "OHH, PACMAN, o que você tá fazendo...?" Impossível não captar a sagacidade.
Um dos mais hilários é o do Noob Saibot vs Liu Kang, dois personagens do Mortal Kombat, onde o Noob Saibot se revela um Iniciante (noob é uma gíria para novato, nos EUA), e nao demonstra nenhuma habilidade para executar seus golpes! O final desse é hilário, praticamente um Stand Up!!
Todo os vídeos são em Inglês, o que requer do espectador uma mínima noção desse idioma, mas que não atrapalha aqueles que estiverem afim de gargalhadas despretenciosas e autênticas. As narrações dos personagens são realizadas pelos próprios produtores das animações (destaque para o Mário e seu sotaque italiano, muito bom!).
Dorkly é a prova de que tanto o Humor quanto os Games sempre renderão boas novidades, principalmente se caminharem de mãos dadas com a criatividade. Tá dada a dica!!
VISITEM: www.dorkly.com
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Akira
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Uma das capas da magnífica graphic novel |
Esta obra prima de Katsuhiro Otomo é um épico contemporâneo criado originalmente como graphic novel de 38 edições com 60 páginas cada. Aqui no Brasil, foi lançada no ano de 1990 pela Editora Globo. Curiosamente o último número da saga não saiu no mesmo ano devido a algum problema jurídico ou diplomático. Sendo que os leitores tiveram de aguardar até o ano de 1998 para que a história fosse concluída com o lançamento da edição 38.
O roteiro em si demonstra a aventura progressiva e dramática de uma gangue de motoqueiros adolescentes que, sem querer, se envolvem com um projeto de desenvolvimento de psicocinese em cobaias humanos. Um dos líderes da gangue (Tetsuo Oshima) desenvolve os poderes e passa a ser o vetor que liga o resto da gangue com o projeto grandioso que acabará por influenciar em todo o planeta Terra.
O que chama atenção, além do criativo roteiro com bons diálogos, é a megalomania explícita no potencial destrutivo urbano. Certo que isto é uma característica da cultura artística (principalmente dos cinemas) japonesa, mas em Akira, isto é levado ao extremo. Se vê tamanha destruição que chega a perturbar quem tiver a síndrome do pânico ou quem simplesmente sofrer dos nervos.
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Tetsuo modifica a lua afetando a Terra |
Mas afinal quem é Akira? Um garotinho de 4 anos de idade com poderes equivalentes ao de uma bomba atômica. Tamanho é o seu poder que o corpo deste personagem é mantido com os órgãos separados em cápsulas trancafiadas numa fortaleza tecnológica. Quando este é despertado por Tetsuo, a destruição se dá início. O mais bacana é toda a história que vai se desenvolvendo, após o despertar de Akira, nas ruínas de Neo Tókio.
Baseado no mangá, deu-se um anime longa metragem homônimo lançado no ano de 1988 com direção do próprio Katsuhiro Otomo. Evidente que a adaptação para a película passou por enormes mudanças para caber em 124 minutos de filme. Contudo, trata-se dos mesmos personagens em situação semelhante, mas com uma cronologia diferenciada (prova disso é que diferente do mangá, no filme Akira desperta somente no final da história). Como o desenho é dirigido a um público maior e mais diversificado, a violência foi minimizada e até o uso de drogas, bem destacado no mangá, não aparece nas telas do vídeo. Porém, a grandiosidade, o drama e a intensidade da violência ainda assim se fazem presentes na adaptação.
Tanto o filme quanto a série em revistas, podem ser encontrados pra venda ou download na Internet. Trama muito bem bolada que influenciou, e ainda influenciará, gerações de artistas, Akira é referência não só para o gênero mangá, como para os quadrinhos e animes em geral.
Abaixo duas páginas que apresentam a arquitetura exagerada, que posteriormente é destruída, mostrando megalomania na obra .
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Raça da Noite
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A capa de uma das revistas da saga |
Um escritor de terror pra ser elogiado por Stephen King, tem de ser no mínimo bom, mas podemos agregar a Clive Barker qualidades como criativo, impressionante e outras mais. Sua obra mais conhecida é “Hellraiser”, mas é em “Raça da Noite” que o autor conseguiu sua maior diversificação de produto no tocante à mudança de linguagem. O livro conta uma história surpreendente a cada capítulo que prende a atenção do leitor de forma cativante. O protagonista Aaron Boone vive o tormento de visões de criaturas monstruosas, enquanto a cidade de Midian sofre com uma onda de violentos crimes. Em meio a tramas e suspenses, Boone percebe que seus problemas estão diretamente ligados aos crimes e a um abrigo no subterrâneo do cemitério, o lar de centenas de criaturas mórbidas que se alimentam de carne e sangue, venerando e obedecendo ao demônio Baphomet. Numa emboscada de corrupção, Boone acaba sendo ressuscitado pela devida raça e no processo libera seus poderes sobrenaturais latentes. Até o romance que o personagem mantêm com a bela Lori, é prejudicado pela paranormalidade do caso. A literatura é na verdade uma adaptação da roteirização da produção americana e canadense (20th Century Fox, 115 minutos, do ano de 1990) que recebeu o nome de “Nightbreed”, e curiosamente tem participação de David Cronenberg (atuando como o Dr. Philip Decker), com direção e roteiro do criador Clive Barker.
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Uma das páginas da macabra história |
A obra também recebeu uma versão para os quadrinhos, lançado em 1991 no Brasil pela editora Abril em minissérie quinzenal de 10 edições, com o nome de “Raça das Trevas”. Os escritores Alan Grant, John Wagner e o desenhista Jim Baikie receberam consultoria do próprio Clive Barker durante a produção. A arte de Baikie não é realista como a de Alex Ross, mas também não deixa a desejar por conseguir transmitir todo o suspense e terror de Barker.
Uma das características de Clive Barker é a grande violência. Seja na literatura, no cinema e até mesmo nos quadrinhos, o banho de sangue é marca registrada. O abuso da carnificina se faz de modo espontâneo e sem censura a ponto de mostrar uma psicologia tão densa que chega a ser doentia.
Barker já é referência no estilo. Seus filmes já teem trilha sonora de nomes como Ozzy Osbourne e Mötorhead e seu reconhecimento já extrapola várias linguagens artísticas.
Com rápida busca pela internet, se encontra facilmento algo do criador. Vale a pena conhecer algo de sua autoria.
Por: Mário Orestes
Por: Mário Orestes
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Invasão
terça-feira, 26 de abril de 2011
Próximo Encruzilhada Vertical
Próximo sábado (dia 7 de maio) o programa Encruzilhada Vertical, apresentado por Augusto Severo, com participação de Mário Orestes, alguns membros do Clube Dos Quadrinheiros De Manaus e prováveis convidados. O assunto debatido será “Nos Tempos De Escola - 2° tempo”. O público poderá escutar o programa na rádio Vertical (http://www.radiovertical.com/), das 16:00 as 18:00 (horário Manaus) e interagir com os participantes pelo MSN (encruzilhadavertical@hotmail.com). Lembrando que um pouco antes o próprio Orestes apresenta o programa Vertical Classic Rock (14:00 as 16:00, sempre horário Manaus).
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Sangue Ruim
Escritor e desenhista norte americano contemporâneo, Joe Coleman ganhou certa notoriedade pela peculiaridade sombria de seu trabalho. Seus contos são dramatizações da atividade de seriais killers. Até aí nada de anormal, a questão é que ele narra histórias baseadas em fatos verídicos que estão entre o bizarro e o aterrorizante. Levando-se em conta que os Estados Unidos da América, é o país que mais concentra seriais killers no mundo, Coleman tem um farto campo pra exploração de seus contos. O que torna a leitura mais interessante ainda é que sua narrativa é na primeira pessoa sempre mostrando o ponto de vista doentio do assassino em questão. Cada conto é uma viagem alucinante que logicamente termina em violência, tortura, estupro e muito sangue. Chega a ser repugnante em alguns pontos e pode causar náuseas naqueles que não estão preparados para encarar esta realidade obscura do ser humano moderno. Outro forte ponto de Coleman são suas ilustrações. Sim, além de escrever ele também ilustra os próprios contos. São dezenas de ilustrações mostrando uma produtividade incansável e que retratam perfeitamente suas palavras, visto que ele consegue traduzir nos desenhos a insanidade de seus personagens. Ao contrário do que se possa imaginar, não são desenhos toscos. A riqueza de detalhes se faz presente com hachuras constantes, expressões faciais dos sentimentos em jogo e ótimo contraste de luz e sombras que realça o preto e branco. A harmonia é perfeita e instigante, chega a ser perturbadora. Leitura que pode incitar o sonho (ou pesadelo) durante o sono.
Conforme palavras do mestre Robert Crumb: “O trabalho de Joe Coleman tem a contundência de alguém comprometido em um esforço urgente para preservar sua própria sanidade. Sua arte visual é, para o meu gosto, uma das melhores existentes nos dias de hoje.”
Pra finalizar esta resenha, uma pérola soltada pelo psicopata mais genial que já existiu, Charles Manson: “Joe Coleman é um homem das cavernas em uma espaçonave.”
Sangue Ruim, 2005, Editora Conrad, tradução de Tatiana Öri-Kovacs, 175 páginas.
Por: Mário Orestes
segunda-feira, 18 de abril de 2011
O Livro do Clube dos Quadrinheiros de Manaus
Certo dia, no ano de 2004, o professor Tenório Telles (escritor, poeta, dramaturgo, membro da Academia Amazonense de Letras e Administrador da Editora Valer) me chamou pra uma conversa em particular. Imaginei: “Pronto! Ele soube de nossos podres e pedirá nossas cabeças. Nos chamará de maconheiros, vagabundos e tudo mais que não presta”. Fiquei surpreso quando ele disse que veicularia uma parceria entre Editora Valer e a Editora da UFAM pra lançar um comic book do Clube dos Quadrinheiros de Manaus e ainda me convidou pra organizar o livro. Com uma proposta irrecusável como essa, tratei de reunir o grupo e comunicar o convite. Fiz uma seleção abrangendo o maior número de autores (dentre desenhistas e roteiristas), onde usei como critério de seleção, aquilo que considero como a obra prima de cada um e algumas poucas histórias emblemáticas do grupo.
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Capa do livro ilustrada por Rogério Romahs |
Começou o chato processo de edição. Eu ia constantemente ao escritório da Editora. Pegava chá de cadeira de quarenta minutos a uma hora pra escutar o funcionário dizer: “Olha, o trabalho está ficando assim. Me diz o que tu acha e eu altero depois porque agora estou ocupado com o livro do Thiago de Mello”. Ou então dizia: “Volta semana que vem, porque agora estou ocupado com a edição de um catálogo de culinária”. Essa enrolação demorou um ano. Eu me sentia um trapo quando tinha de ir ao escritório. Nas reuniões já tinha gente que não acreditava mais nesse livro e alguns chegaram a comentar que isso era viagem minha e que não existia livro nenhum.
No primeiro trimestre de 2005, finalmente o livro ficou pronto. Impresso o trabalho, verifiquei algumas falhas e outras coisas que poderiam ser melhoradas, mas o parto estava feito e o filho não poderia mais ser negado. Fizemos uma modesta festa de lançamento no Espaço Cultural Valer, divulgamos nos meios de comunicação e distribuímos os exemplares de direto pra cada autor. No mesmo ano o livro foi um dos representantes do Estado do Amazonas na Bienal Internacional do Livro em São Paulo e recebeu excelentes críticas da mídia em geral. Exemplares a venda podem ser encontrados na Livraria Valer e na Livraria da UFAM.
segunda-feira, 11 de abril de 2011
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Front Zine
O “Front Zine” era uma página semanal, publicada aos sábados, no extinto “Jornal do Norte” em 1996 e produzida pelo Clube dos Quadrinheiros de Manaus, mais precisamente pelos membros: Daniel Dante, Fábio Prestes, João Vicente, Bruno Cavalcante e este que vos escreve. Curiosamente Vicente tinha que assinar o trabalho com o pseudônimo de “Teckiller” por ser funcionário do jornal “A Crítica” e Bruno Cavalcante, que passou a fazer parte da equipe somente a partir do número 12, como sempre muito excêntrico, assinava com “B%C2”. O jornal acabou em pouco tempo por tratar-se de uma grande “lavagem de dinheiro” de um certo Governador que tínhamos e ainda hoje mama nas tetas públicas.
A diagramação e a arte central da página eram feitas por Fábio Prestes. Os demais cuidavam do trabalho de pesquisa dos textos e da contribuição com as fotos e ilustrações. Primeira empreitada profissional do Clube que rendeu uns trocados pra cada membro, a folha era influenciada por parapsicologia, mangá, cibercultura, ultra violência, cultura gótica e punk rock.
Como se tratava de um trabalho jornalístico que abordava cinema, quadrinhos, fanzines, música e tudo a respeito com cultura alternativa, os textos anunciavam novidades daquela época.
Temos 13 desses trabalhos em forma de quadros que estão disponíveis pra exposição itinerante e até já foram expostos em alguns espaços culturais.
O Front Zine era chamado de “inovação gráfica” pela maioria e “lixo visual” por alguns funcionários conservadores do jornal. Vocês entenderão o porque, quando verem a evolução do trabalho a cada número.
Texto por: Mário Orestes.
segunda-feira, 28 de março de 2011
Quadrinheiros Participam de Programa da Rádio Vertical
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O Quadrinheiro, Músico e Psicólogo Augusto Severo |
Na verdade a participação já vem desde o ano passado. Com o quadrinheiro Mário Orestes apresentando o programa Vertical Classic Rock todo sábado das 14:00 as 16:00 (horário Manaus). Informações a respeito no blog do programa (http://verticalclassicrock.blogspot.com/). Também aos sábados, logo em seguida ao Vertical Classic Rock, entra o programa Encruzilhada Vertical, das 16:00 as 18:00 (sempre horário Manaus), que é apresentado pelo também quadrinheiro Augusto Severo. No programa participam, além de Augusto e Orestes, outros membros do Clube dos Quadrinheiros de Manaus como, por exemplo, Daniel Dante, João Vicente, Jucylande Júnior, dentre outros que se revezam na presença sábado sim, sábado não. O programa em si é temático e todo sábado tem um assunto diferente que é alvo de comentários dos presentes, intercalados com blocos musicais. Para escutar os programas, seja o Vertical Classic Rock ou o Encruzilhada Vertical, basta acessar a rádio no endereço (http://www.radiovertical.com/), aos sábados nos horários citados.
Os temas já debatidos foram “Fenômenos Paranormais”, “Sessão da Tarde” e no próximo sábado (dia 02 de abril) terá o tema “Drogas – Estados Alterados de Consciência”. O ouvinte pode interagir com os participantes do programa através do MSN (encruzilhadavertical@hotmail.com) e qualquer novidade a respeito pode ser vista no twitter (@nerdvertical).
domingo, 20 de março de 2011
Adrianne Palicki é a nova Mulher-Maravilha

Foi divulgada na última sexta (18/03) a primeira imagem oficial do piloto "Wonder Woman", adaptando para a TV as aventuras da mais famosa super-heroína dos quadrinhos. Do site Omelete: "Na trama, Diana Prince (Palicki) é uma combatente do crime que mora em Los Angeles e leva vida dupla como presidente das Indústrias Themyscyra.
A nova Wonder Woman tem direção criativa de David E. Kelley, produtor famoso por ter criado séries como Chicago Hope, The Practice, Ally McBeal e Boston Public. Kelley e Bill D'Elia assinam como produtores-executivos. Quem dirige o piloto é Jeffrey Reiner."
segunda-feira, 14 de março de 2011
terça-feira, 8 de março de 2011
Entrevista com Ota
Otacílio Assunção Barros, mais conhecido como Ota, é desenhista, cartunista, quadrinhista, escritor e editor. Fez fama atuando por muitos anos na revista Mad, mas seu trabalho vai muito mais além da revista. Publicou trabalhos pra diversas editoras e colaborou com tantas outras. Seu nome está dentre os maiores editores do Brasil. Sempre renovando seus métodos de edição e publicação, nunca deixou a atualização nos meios mostrando facilidade em adaptar-se pra qualquer situação. Sua personalidade mistura o polêmico e o hilário com um carisma muito humano que só quem o conhece pode confirmar. Abaixo uma entrevista que ele nos cedeu com todo bom grado.
Orestes: Você passou um tempo como editor da Spektro e um outro longo período como editor da Mad. Havia alguma diferença no trabalho, visto que uma se trata de terror e outra de humor?
Ota: Eu era editor de umas duas dúzias de revistas ao mesmo tempo, comandei todas as publicações de quadrinhos da Vecchi que saíram entre 1974 e 1981. Havia todos os gêneros: infantil, faroeste, policial, terror, humor. Eu não trabalhava sozinho, tinha uma equipe de umas dez ou doze pessoas na redação e uns 50 ou 60 colaboradores. As tarefas eram distribuídas. Eu supervisionava tudo e não tinha problemas de pular de um gênero para outro. As revistas que eram traduzidas eram tocadas automaticamente, e as que eram total ou parcialmente produzidas, aqui tinham todas o meu dedo. E além do meu trabalho na Vecchi eu fazia roteiros como free-lancer para a Rio Gráfica. Escrevi quase mil páginas de Recruta Zero, que tinha parte do material produzido aqui.
O: Algumas correspondências mandadas para a redação da revista Mad eram extremamente agressivas à sua pessoa. Você chegou a ter problemas quanto a isso?
Ota: Hahaha! Eu nunca me preocupei com isso. Adorava ser xingado pelos leitores. No fundo eles me amavam. Vamos entender que a Mad era uma revista maluca, onde o editor xingava os leitores e vice-versa.
O: Muita gente ainda não sabe o porquê. Então, explique novamente como se deu a sua saída da Mad.

Como a Mad tinha ficado mais de um ano sem sair, a repercussão na mídia foi enorme. Toneladas de reportagens saíram em tudo que é lugar, e todas falavam mais de mim do que propriamente da revista. O telefone não parava de tocar, caixa de e-mail entupida, milhões de pessoas se oferecendo para colaborar, aquilo me enlouquecia. Para piorar algumas dessas reportagens tinham perguntas cretinas. Quando um jornalista me perguntou se eu achava que ia morrer fazendo a Mad entrei em profunda depressão. Sim, me toquei, eu acabaria morrendo mesmo se continuasse lá. Para piorar, o co editor começou a passar por cima de mim e acrescentar material da lavra dele na revista à minha revelia. Aquilo foi a gota d’água. Mandei eles tomarem no cu e novamente uma saraivada de reportagens “Ota sai da Mad” etc. etc. Disse então que ia leiloar todo o meu acervo de Mad e quando isso aconteceu nova saraivada de reportagens. O leilão foi simbólico, para fechar o ciclo, embora tenha me dado um bom dinheiro. Ganhei mais no leilão do que nos sete meses desastrados que trabalhei com eles.
Lamento muito o que a Mad se tornou e procuro nem ler mais, para não me aborrecer. A revista está um desastre, sem graça, feita por amadores, com piadas copiadas da Internet, virou um fanzine produzido por profissionais iniciantes (a maioria trabalhando de graça) que querem poder dizer: “manhê... publiquei na Mad” e ouvir “Que bom, meu filho”. É amadorismo demais. Se os americanos pedissem para alguém fazer uma tradução do que está saindo, cancelariam a concessão na hora. Não digo que todos os colaboradores sejam ruins, uns poucos se salvam, mas se perdem no meio da mediocridade geral. Eu não sei a quem eles estão tentando enganar, talvez a si próprios. Mas fodam-se eles. Deixa eles ficarem nessa ilusão, tenho minha vida para tocar.
O: Porque o mercado dos quadrinhos está em decadência tanto no Brasil quanto no exterior?
Ota: Não se trata propriamente de decadência. Nunca se publicou tantos quadrinhos como agora, e mesmo os que não são publicados em papel encontram seu espaço na Internet. Ocorre que o mundo está mudando e a indústria, tanto aqui como lá, não se dá conta disso. Infelizmente os que mandam nas editoras são pessoas que não gostam de quadrinhos, consideram isso um negócio como outro qualquer, tanto faz para eles se estivessem administrando uma editora ou fábrica de papel higiênico ou outra coisa qualquer. Por isso não há uma renovação e só copiam as coisas que estão dando mais certo. Hum, mangá está vendendo? Então tome mangá. Não plantam investindo em novos gêneros. Só investem no que é lucro certo. Com isso o mercado de quadrinhos vendidos em bancas está essa lástima e encolhendo cada vez mais.
Por outro lado, as editoras de livros estão lançando mais quadrinhos do que antes e publicando trabalhos mais autorais. Na verdade eu continuo trabalhando para essas editoras sérias, que respeitam mais o trabalho criativo. Continuo amigo do dono da Record até hoje e produzo para eles as edições dos novos álbuns de Asterix e a maioria das edições de quadrinhos que eles lançam. Além da Record ainda trabalham para outras editoras. Além de mil outras coisas que faço.
O: Você ainda lê quadrinhos? O quê especificamente?
Ota: Basicamente leio com regularidade apenas as tiras da Folha de S. Paulo. Isso é todo dia. Mas acompanho por alto o que está sendo feito em termos de trabalho autoral. Quando aparece algum livro novo como Persépolis, da Marjane Satrapi, leio com sofreguidão. Super-heróis nem pensar, não tenho mais tempo pra essas bobagens.
O: Você teve duas passagens pela cidade de Manaus, que é uma cidade bem exótica em comparação à outras capitais brasileiras. Como foram essas passagens e quais as melhores lembranças (ou as piores) que você poderia destacar?
Ota: Bom, o calor e umidade daí são meio dose pra quem não está acostumado, né? Não sei como vocês agüentam. E olhem que sou carioca e aqui também faz calor a maior parte do tempo. Bom, gosto de muitas pessoas daí, amigos que conheci da primeira e reencontrei da segunda vez que fui. Não tenho problema em voltar, desde que não me coloquem de novo no mesmo hotel. Armei o maior barraco porque justo na hora que ia passar um episódio inédito de Heroes o sinal da TV a cabo caiu. Não se faz esse tipo de coisa comigo.
O: Recentemente você lançou o “Relatório Ota Do Sexo”. Como tem sido a sua aceitação e qual o diferencial dele?
Ota: A aceitação foi melhor do que eu pensava. As resenhas foram todas positivas. Ainda não está vendendo o que eu gostaria que vendesse, mas a Leya é uma editora relativamente nova no mercado e ainda não conseguiu solidificar a distribuição. Mesmo assim já vendeu mais que um livro de quadrinhos normal. Vamos ver a continuidade disso. O contrato que assinei com eles é para três livros e este ano saiu outro Relatório Ota lá pelo meio do ano.
O Relatório Ota é o que me tornou mais conhecido, não só porque começou a sair regularmente quando a Mad estava no seu apogeu como se tornou uma das principais atrações da revista na sua fase boa, ajudando a consolidar meu nome. Mas o material está sendo todo reciclado e atualizado, não é uma simples republicação do que saiu antes. O Relatório Ota Do Sexo tem mais da metade de material inédito, além de ter sido totalmente redesenhado. O Relatório Ota Da TPM é completamente inédito. Essa coleção Relatório Ota vai ter incontáveis volumes, divididos por temas específicos.
O: Qual o seu próximo projeto?
Ota: Estou trabalhando em MUITOS projetos ao mesmo tempo, na verdade minha jornada de trabalho começa às seis da manhã. Não posso falar de todos porque alguns são secretos e envolvem cláusulas de confidencialidade. Mas posso dizer que poucos envolvem quadrinhos no estilo tradicional, o que eu estou tentando é transpor a linguagem dos quadrinhos para as mídias atuais. Os tempos das publicações em papel estão contados.
O que pode ser falado está sendo divulgado no The New Ota Times, que pode ser acessado no meu site. Basicamente meu projeto maior para este ano é um game para crianças de 6 a 10 anos que vai ser adotado em toda a rede escolar brasileira e ensinar a molecada de todo o país História do Brasil de uma maneira divertida. É algo completamente diferente do que o meu público tradicional está acostumado, na verdade é para os filhos e netos deles. Recebi um generoso patrocínio do Oi Futuro para desenvolver esse jogo e essa é minha atividade principal no momento. Está sendo um novo desafio e me deixa feliz porque vou ajudar muita gente e fazer a cabeça das novas gerações, colocando os valores certos na cabeça deles. Tive a idéia desse jogo jogando esses jogos de Facebook tipo Máfia Wars, onde você tem que virar um mafioso e roubar bancos e matar pessoas. Quando estava jogando pensei: “Hum, e se eu fizesse um jogo do bem?”. Assim, em vez de (no caso do Jogo da História do Brasil) a pessoa crescer no game montando uma fazenda e tendo milhares de escravos, ganha mais pontos se ajudar os escravos a fugirem para o quilombo. E também encarar de outro lado a questão indígena. Não vou negar para as crianças que houve o genocídio indígena, mas a abordagem é mais coerente e humana. Quero ensinar as crianças que estão em formação agora a crescerem e construírem um mundo melhor que o atual, que está podre. Meu sonho é ver crianças de norte ao sul do país jogando o meu joguinho, que ainda por cima é grátis porque é feito com patrocínio e não visa lucro. No dia que eu souber que uma escola de um município remoto do Amazonas ou do Acre adotou o jogo e os alunos aprenderam, vou ficar extremamente feliz.
O: Fale sobre a produção do filme longa metragem que será baseado na pessoa de Ota.
Ota: Esse filme é um presente que caiu do céu e vai ajudar a fazer a transição do Ota antigo para o Ota atual. Um amigo meu, Franz Valla, ficou insistindo que minha vida daria um documentário, porque as confusões que aprontei foram muitas e passei por todas as editoras e manifestações da cultura pop como uma espécie de Forrest Gump tupiniquim. Não é bem um filme sobre minha obra, mas sobre minha vida e meu jeito louco de viver. Ele mostrou o projeto para a Tatiana Issa e ela arregalou os olhos e se interessou. E acabou tomando o filme pra ela, disse que merecia não ser um curta, mas um longa, e que era justamente um projeto desses que ela e o Raphael Alvarez (que co dirige os filmes com ela) estavam procurando. Eles conquistaram muitos prêmios internacionais com o filme dos Dzi Croquettes e querem continuar nessa linha, resgatando ícones culturais dos anos 70 e 80. O Franz em vez de diretor agora é o produtor executivo do Ota The Movie. Mas o melhor ainda é que esse não vai ser um documentário normal, não é só um monte de pessoas sentadas falando por que me amam ou me odeiam, ou que fui editor da Mad ou Tex e escrevi Recruta Zero. Isso vai ter também, mas é muito mais do que isso. As cenas da minha vida vão ser todas dramatizadas, enquanto as pessoas contam o que se lembram, o Igor Cotrim vai fazer o papel do Jovem Ota e também de todos os meus antepassados. O filme começa por volta de 1900, quando meu bisavô materno raptou a cavalo a minha bisavó porque o pai dela não queria consentir no casamento porque meu bisavô era descendente de escravos e, por outro lado, em Portugal, meu tio-avô bebeu toda a produção de vinho da adega da família junto com outros pinguços, levando a vinícola à falência e obrigando meu avô paterno a vir tentar a vida no Brasil, onde ele conheceu a minha avó e casou com ela, ajudando a fundar a “dinastia Ota”, que uns 50 anos depois deu em mim. O Igor é o melhor ator brasileiro do momento e seu desempenho como Madona no longa Elvis E Madona do Marcelo Lafitte é impecável. E ele tá adorando fazer o papel de Ota. Na verdade nos parecemos muito, não fisicamente (porque ele é bonito e eu sou feio), mas no jeito de pensar.
Eu não sabia que a Tati e o Igor eram tão meus fãs assim. Todos estamos muito empenhados nesse filme, e no momento Tati e Raphael estão correndo atrás do patrocínio.
O: Obrigado pela entrevista. Deixe seu recado para os leitores do blog do Clube Dos Quadrinheiros De Manaus.
Ota: Bom, com essas novas incursões minhas na área do cinema, vou acabar indo pro Festival de Manaus quando o filme ficar pronto. Me aguardem que vou voltar.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Clube dos Quadrinheiros de Manaus Procura Desenhistas
O Clube dos Quadrinheiros de Manaus procura desenhistas (de qualquer idade, estilo, sexo, religião etc.) disposto a fazer parte do grupo ou de colaborar na realização de histórias em quadrinhos e afins.
Aquele que ingressar no grupo ou apenas colaborar com trabalhos, terá seu nome divulgado como artista e autor, poderá participar de todo empreendimento realizado pelo Clube, poderá ser indicado para trabalhos profissionais remunerados, terá acesso a novidades no ramo de quadrinhos, cinema, música e arte em geral, fará novas amizades, dentre outras vantagens.
Caso o interessado seja de outra cidade (estado ou país), poderá realizar a troca de experiências e trabalhos de modo virtual, sem comprometer remuneração ou outro tipo de profissionalismo.
Contatos pelo e-mail quadrinheiros@gmail.com.
domingo, 27 de fevereiro de 2011
"The Spirit", o Filme de 1987

Vinte e um anos antes da estréia de Frank Miller na direção, a Warner Bros produziu para a TV uma adaptação dos lendários quadrinhos de Will Eisner, "The Spirit". Dirigido por Michael Schultz e escrito pelo veterano Steve DeSouza, o filme seria o piloto de uma série que acabou não decolando, talvez devido ao visual moderno e "padronizado" (sem as inovações cênicas e cortes cinematográficos dos quadrinhos) ou quem sabe pelo fato da história ser simples e sem grandes ousadias, pendendo mais para a comédia, como uma versão atualizada do cômico seriado de Batman com o gorducho Adam West dos anos 1960. Mesmo assim, o filme conserva uma certa simpatia e até mais fidelidade aos quadrinhos de Eisner que o desnecessariamente violento filme de Frank Miller, chegando até a dar destaque ao polêmico "sidekick" de Spirit, o garoto Ebony White (aqui rebatizado como "Eubie"), personagem pelo qual Eisner foi acusado durante muitos anos de ser um ofensivo estereótipo racista. "The Spirit", o telefilme, foi exibido uma única vez pela TV CBS (nos EUA) e permanece até hoje inédito em DVD. No Brasil, o filme foi exibido apenas duas vezes pela Rede Bandeirantes, a primeira em 10 de junho de 1990. Confira abaixo a sinopse do filme publicada pelo jornal "O Globo":

Curiosamente, três dos principais atores do filme têm envolvimento com famosos títulos da ficção científica na tv e no cinema:
• O ator Sam Jones, que interpreta Spirit, já havia encarnado outro herói clássico dos quadrinhos em 1980: Flash Gordon, a malfadada superprodução de Dino de Laurentiis que atualmente é mais lembrada pela trilha sonora do grupo Queen.

• Ellen Dolan, a eterna namoradinha do herói, foi vivida por Nana Visitor, que nos anos 90 se tornaria parte do elenco da série Deep Space Nine, uma das inúmeras encarnações da franquia sci-fi Star Trek. Visitor interpretava a Major Kira.

• Bumper Robinson, na época com apenas treze anos de idade, interpreta o aprendiz de contraventor (e mais tarde fiel escudeiro de Spirit), Eubie "Ebony" White. Dois anos antes, ele comoveu platéias do mundo inteiro como Zammis, o filhote alienígena adotado por Dennis Quaid na ficção científica Inimigo Meu.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Entre Papeis e Nanquins - Trailer
Abaixo o trailer de um premiado documentário (curta metragem) feito sobre o Clube dos Quadrinheiros De Manaus.
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