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sábado, 25 de janeiro de 2014

Turma da Tribo Será Destaque no Dia do Quadrinho Nacional em Macapá


        A história em quadrinhos Turma da Tribo, criação de Gian Danton com desenhos de Ricardo Manhães será lançado dia 01 de fevereiro, a partir das 14 horas, na Biblioteca Pública Elcy Lacerda, como parte das comemorações do dia do quadrinho nacional em Macapá. O gibi foi um dos projetos contemplados com o edital de literatura Simãozinho Sonhador, da Secult-AP.

Turma da Tribo é uma história em quadrinho infantil voltada para temas amazônicos, como a preservação da floresta. Nela a realidade local, como um jantar à base de açaí e camarão, se mistura ao traço europeu de Manhães. Repleta de trocadilhos e palavras regionais, a série também se destaca pelo humor gráfico.

Na história, os índios Poti, Apoema e Toró encontram uma área de floresta devastada, com árvores caídas para todos os lados. Logo descobrem que se trata do plano de um vilão e seus desastrados ajudantes, que pretendem se apoderar de toda a madeira de lei da reserva. Para impedi-los, o trio contará com a ajuda de Baquara, o inventor da tribo. Mas a grande ajuda mesmo acaba vindo de um ser da floresta, o Caipora.

Gian Danton (pseudônimo do professor universitário Ivan Carlo Andrade de Oliveira) é roteirista de quadrinhos desde 1989, já tendo trabalhado para diversas editoras e revistas, entre elas a MAD. Durante anos foi o roteirista de Joe Bennett, com o qual criou a cultuada HQ Família Titã.  Seu trabalho mais conhecido na área foi o texto da graphic novel em duas partes Manticore, ganhadora dos prêmios Ângelo Agostini, HQ Mix  e Nova. Foi um dos selecionados para o álbum MSP+50 em homenagem aos 50 anos de carreira  de Maurício de Sousa, para o qual produziu uma versão vintage do Astronauta, com desenhos de JJ Marreiro. Seu livro Grafipar, a editora que saiu do eixo, foi indicado este ano para o prêmio HQ Mix na categoria melhor livro teórico.

Ricardo manhães é ilustrador e autor de história em quadrinhos. Trabalhando há mais de 14 anos para o mercado europeu de HQ , conta com participações em coleções importantes do mercado Francês e Belga como “Les Guides  en BD” e “Les Foot Furieux”, e também várias publicações traduzidas para o Holandês. Todos os álbuns  publicados, seja solo ou em participações, somam mais de 160.000 exemplares vendidos na Europa. Em 2010 foi convidado a fazer sua versão da Turma da Mônica, em estilo Franco-Belga de humor, para o álbum MSP+50 em homenagem aos 50 anos de carreira de Mauricio de Sousa.

O dia do quadrinho nacional foi instituído em 1985 para homenagear o desenhista Ângelo Agostini, que em 30 de janeiro de 1969 publicou a primeira tira do personagem Nhô Quim, sendo um dos pioneiros mundiais. Desde 1985, 30 de janeiro é o dia do quadrinho nacional. Em Macapá a data será comemorada só no dia 1 de fevereiro e incluirá, além do lançamento do gibi Turma da Tribo, palestras e filmes. 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Crônica Sobre o Símbolo do Clube dos Quadrinheiros de Manaus

Toda classe, grupo ou estereótipo tem algum tipo de representação simbólica. Seja um elemento natural, um caractere, uma flâmula ou um brasão, a ideia se expressará diretamente, subjetivamente ou metaforicamente. No gráfico, no multi dimensional ou mesmo no imaginário, a apresentação se impõe figurante. Porém, há aquelas simbologias estigmatizadas, que nascidas do vurmo contra cultural, são tão significantes quanto a escuridão para a claridade.
No ano de 1992, quando o Clube dos Quadrinheiros de Manaus foi criado, a missão de elaboração de seu símbolo, foi delegada ao artista plástico/desenhista/poeta João Castilho Neto. Em poucos dias, o mestre que na época contava com 42 anos de idade[1], apareceu em reunião deste grupo com o produto final. A forma circular com o nome Clube dos Quadrinheiros de Manaus rodeando o desenho, mostrou-se ideal para sua aplicação propagandista e qualquer outro tipo de atribuição. A técnica era do preto e branco simples, na mais fiel referência à arte autoral. O desenho em si, um animal lendo uma revista em quadrinhos. Diga-se de passagem que, ler histórias em quadrinhos é a conjugação que melhor define o ser quadrinheiro[2]. O bicho, um urubu. A logomarca foi acatada unanimemente.
No decorrer de todos esses anos, o Clube dos Quadrinheiros de Manaus ganhou muitas negações do poder público e privado em suas empreitadas independentes, como um urubu discriminado pela grande maioria. O quadrinheiro, membro do Clube, dificilmente é convidado para algum tipo de parceria. Exatamente como o urubu, um “marginal” do reino animal, que não chega nem a ser caçado por ter carne indigesta (a única vantagem disto é não ter predador natural). Por muitas vezes, sem nenhum tipo de recurso, o quadrinheiro, membro do Clube, usa da criatividade, fazendo reaproveitamento e reciclagens de suas ferramentas e de suas técnicas, para finalizar suas obras. Assim como o urubu, que encontra em qualquer canto seu lar e em qualquer lixeira seu alimento. No seu amadurecimento, o quadrinheiro, membro do Clube, corrige erros de seu passado e explana sua experiência em busca de profissionalização e dignidade em seus feitos contemporâneos[3]. Bem como o urubu que, no planar de seu voo tranquilo, espreita sereno a todos à quilômetros de altura.
Até hoje ainda há quem não se identifique com a nobreza deste ovíparo singular e mesmo quem não compreenda seu simbolismo lírico urbano. Contudo, as gerações se renovam num ciclo infindável de quadrinheiros do Clube, que tomam novos rumos, com o passar do tempo e de outros que chegam, com grande fome de produzir algo e agregar, portando camisetas nerds, escutando The Clash e lendo Baudelaire. Logo, não é difícil chegar a conclusão de que nenhum outro animal ilustra com tal perfeição o Clube dos Quadrinheiros de Manaus, como o urubu. Afinal, desprezado ou não, se trata de um animal que, como outro qualquer, só vive o direito de manter sua espécie.
Lembrem-se que enquanto houver claridade, haverá a escuridão, com todos os seus elementos pertinentes. Como diriam os Titãs, “...oncinha pintada, zebrinha listrada, coelinho peludo, vão se...”.

Por: Mário Orestes Silva


[1] Até a publicação deste texto, Castilho ainda continua em plena produção artística em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo.
[2] Quadrinhista ou Quadrinista, é o nome dado àquele que faz histórias em quadrinhos, a profissão. Quadrinheiro é o termo que significa aquele que compra, coleciona, cultua ou simplesmente lê histórias em quadrinhos.
[3] O Clube dos Quadrinheiros de Manaus acaba de adquirir seu Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ.