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quinta-feira, 19 de maio de 2011

A Pistola - Um Conto de Batman por Alan Moore

A PISTOLA
Um conto de Batman escrito por Alan Moore
Ilustrações por Garry Leach
(Originalmente publicado em "Batman Annual UK", de 1985)



"Johnny Speculux" não era seu verdadeiro nome.

Era apenas o nome que ele pichava nos vagões do metrô com seu exclusivo spray fosforescente. Quatorze letras para terminar antes do metrô começar a se mover novamente, algumas vezes esfolando a pele de seus cotovelos enquanto ele tentava finalizar as últimas letras. Ele tirou o nome de uma das velhas e amareladas revistas de ficção científica que seu irmão caçula vivia lendo. Johnny Speculux. Soava bem - e em tinta laranja fosforescente em letras garrafais parecia mesmo *espetacular*. Johnny Speculux gostava de coisas espetaculares mas parecia que ele nunca tinha dinheiro para torná-las assim. Então, para compensar, ele gostava de perambular em locais espetaculares. A Exibição "Lar 2000" na Feira de Gotham City era, aos olhos de Johnny, a última palavra em assombramento.

À sua esquerda havia uma enorme garrafa térmica com 20 metros de altura.

À sua direita ficava uma máquina de lavar cromada do tamanho de uma casa. Tudo era luminoso, colossal e reluzente, com brilhantes e coloridos holofotes brincando sobre os estandes e a multidão agitada. Famílias felizes moviam-se em correntes em volta dos estandes como cardumes de peixes tropicais coloridos num oceano de música ambiente. Johnny Speculux movia-se entre elas como um tubarão invisível. Ele sentia-se assustado e excitado. Ele sentia-se capaz de fazer qualquer coisa que quisesse. E no bolso de seu agasalho, fria, velha e pesada, estava A Pistola. Ele nunca teve uma pistola antes.

Ela não tinha um número ou marca. Era apenas A Pistola. Havia sido feita à mão em 1950 por um triste e velho armeiro chamado Lew Hirsch, e havia sido construída com um propósito muito especial. A esposa de Hirsch, Anna, foi baleada em um assalto à sua loja de armas e os duros traços do mafioso italiano que a matou ficaram gravados na memória de Lew. Cartazes de "Procurado" com o rosto de Toni Pavrotti se espalharam por toda Gotham City sem resultado. Lew Hirsch sentava-se até tarde da noite, dia após dia enquanto A Pistola ganhava forma na fraca luz de sua oficina no porão. Pensamentos de vingança ocupavam todos os momentos despertos do velho artesão. Talvez um dia, o destino o colocasse frente a frente com o homem que tirou-lhe sua esposa. Talvez um dia, ele estivesse na rua, ou então num bar, e ele veria e reconheceria o homem do outro lado como Pavrotti. E se isso um dia acontecesse, Lew Hirsch estaria preparado.

Ele terminou de construir A Pistola no outono de 1950.

No verão de 1952 ele leu no jornal que um homem, morto em um acidente numa estrada ao norte da Itália, havia sido confirmado como o fugitivo Toni Pavrotti. O jornal chegava a dizer que sua esposa e dois filhos mudaram-se para os Estados Unidos na esperança de recomeçar a vida.

Para Lew Hirsch, era tarde demais para recomeçar. Os pensamentos de vingança haviam sido o combustível para sua fraca vida por tempo demais. Agora Pavrotti estava morto e a arma criada com tanto esmero tornou-se um amontoado de metal para Hirsch. Mas ela pesava com uma terrível e inatingível vingança.

Em 1953, Hirsch deu a arma para seu cunhado, Julius Lipmann, em pagamento por um débito excessivo. Lipmann vendeu a arma para um parceiro de carteado, um homem chamado Vinnie Torrino, que a perdeu para um associado numa partida de pôquer.

O nome desse associado era Joe Chill.

Joe estava furioso na noite em que ele conquistou a arma, mas em vez de sua raiva passar como sempre acontecia quando ele ganhava um jogo, ela parecia ter permanecido com ele. Se Joe Chill tivesse nascido um pouco mais esperto e alguns anos mais tarde, ele poderia ter canalizado toda aquela raiva na política. Ele poderia ter se tornado um daqueles senhores magros, barbudos e com olhos agitados que bradam sobre justiça social. Mas Joe não dava a mínima sobre justiça social. A única coisa que lhe importava era o fato de que ele nunca tinha dinheiro. E isso significava que pessoas que *tinham* dinheiro eram o *inimigo*.

Era nisso que Joe estava pensando na noite em que ele ganhou A Pistola.

Ele continuava pensando nisso uma hora depois, quando quatro balas partiram da Pistola até o doutor Thomas Wayne e sua esposa Martha quando eles voltavam do cinema com Bruce, seu filho de seis anos de idade.

Mais tarde, Chill sentiu-se mal pelo garoto estar ali, mas decidiu que não era responsável pelo que aconteceria ao menino. Afinal, ele não pretendia *matar* o ricaço e sua esposa metida. Ele só queria a bolsa da dona. Se o marido não tivesse de repente decidido bancar o herói, os dois ainda estariam vivos. Simples assim. Apenas um acidente.

Ainda assim, Joe jamais esqueceria os olhos daquela criança... como se alguma coisa dentro da mente do menino tivesse se encolhido e adormecido para sempre, enquanto algo mais despertava pela primeira vez. Algo escuro, frio e impiedoso.

Quase vinte anos depois, Joe Chill veria aqueles olhos novamente, pouco antes de morrer. Os olhos o fitavam por trás de uma máscara azul. Os olhos do Batman foram a última coisa que ele viu.

É claro, Joe Chill não era mais o dono da Pistola. Ele a vendeu anos antes para pagar o aluguel. Desde então ela passou de mão em mão aleatoriamente, por bolsos, penhores e depósitos da polícia... até alcançar Johnny Speculux.

Johnny Speculux caminhava pelo salão, com um lado do seu agasalho mais pesado que o outro.

Ele passou entre uma enorme máquina de costura e uma gigantesca réplica em acrílico do emblema da RCA, reparando que a multidão parecia bem menor por ali. Na verdade, ele só conseguia ver um casal. Eles saíam de uma estrutura baixa com a forma de um ferro de passar que parecia ser o toalete público. Atrás deles arrastavam uma cansada e relutante garotinha que parecia ter uns quatro anos de idade.

O coração de Johnny Speculux começou a marretar enquanto ele andava na direção deles. Seus lábios secos pareciam colar um sorriso em seu rosto. Bem acima, os tristes olhos de um cachorro de quinze metros de altura encaravam com pesar a corneta de um igualmente enorme fonógrafo.

O silêncio quase sepulcral que se seguiu após o eco dos disparos só foi quebrado pelo pranto de uma criança. Uma multidão se aglomerou, e uma madame gorda num terninho azul tentava ficar entre a histérica menina e os imóveis corpos de seus pais. Um garoto de treze anos tocou levemente o corpo da mulher com o pé, apenas por ousadia. Uma mulher incrivelmente parecida com Elizabeth Taylor comia pipocas enquanto olhava para os corpos, enquanto comentava com sua vizinha em meio ao amontoado de pessoas:

"Ai, você viu só? Coitadinha da criança! Que tipo de marginal faz uma coisa dessas? Sabe o que eu acho? Cadeia é boa demais pra essa gente, é isso o que eu acho!"



A sombra era longa e fria, e quando ela pousou a multidão se calou. A sósia de Liz Taylor engoliu mais algumas pipocas e quase engasgou. Todos se afastaram para deixá-lo passar, o manto farfalhando enquanto suas pontas raspavam o chão liso por trás dele. Ele caminhou lenta e silenciosamente até os corpos e observou-os. Nada disse. Então andou até onde a criança estava, quando a madame de terninho prendeu a respiração e deu um passo para trás.

Ele ajoelhou-se e olhou dentro dos olhos arregalados da criança.

"Quem fez isto?", perguntou Batman gentilmente.

Johnny Speculux caminhava pelo salão, um pouco mais apressado, consciente o tempo todo do enorme peso em seu bolso que batia ritmadamente contra sua coxa. A gentil batida de metal ecoava a assustadora ladainha que circulava dentro de sua cabeça latejante.

"Quinze dólares e quarenta e quatro centavos. Quinze dólares e quarenta e quatro centavos. Quinze dólares e..."

Era todo o dinheiro que o casal tinha. Quinze dólares e quarenta e quatro centavos. Ele não estava mais se sentindo bem. Ele não se sentia mais como um tubarão e certamente não se sentia mais invisível. Todos olhavam para ele... ele captava seus olhares um segundo antes deles se virarem, hostis e suspeitos. Ele tinha que se afastar de toda aquela gente.

Pegou o elevador que ia até o topo de um gigantesco estande em forma de bolo, e chegou ao restaurante que ficava no alto da camada principal. Pediu um copo de café tamanho Jumbo e um enorme folheado de maçã com duas porções de creme, o que lhe custou dois dólares e noventa.

Sentou-se numa mesa perto da janela, onde podia ver as pessoas que circulavam pelo imenso salão de exibições. Elas fluíam juntas como correntes elétricas, vermelho intercalando com azul, com manchas de amarelo. Lembrou-se de seu folheado de maçã e forçou-se a comer.



No meio da décima-primeira mordida, sentiu que alguém o vigiava. Seus olhos percorreram todo o restaurante, mas ninguém parecia estar olhando em sua direção.

Foi quando alguém bateu do outro lado da janela.

A seis metros de altura.

Johnny Speculux virou-se, lentos e pesados calafrios de medo começando a deslizar por suas costas. Havia alguém agachado no parapeito de oito centímetros que circulava por toda a camada principal do enorme estande em forma de bolo. Vestia-se de escuridão negra, cinzenta e azul, encolhido como uma gárgula com um longo manto atrás dele. Mal parecia-se com um homem...

Ele estava encarando Johnny Speculux, e havia algo de familiar em seus olhos.

Havia algo neles muito parecido com o olhar daquela garotinha quando Johnny Speculux usou A Pistola. Eles tinham toda aquela calma e emotiva intensidade dos olhos de uma criança, mas no rosto de um adulto o efeito era aterrorizante.

Johnny Speculux gritou e deu um pulo, desequilibrando a mesa. Ela pareceu cair em câmera lenta. Todos no restaurante começaram a gritar ao mesmo tempo, mas então Johnny Speculux correu até a saída de emergência que ligava a camada superior do estande-bolo até o teto do centro de exibições. Fugindo como um morcego saído do inferno.

Quando ele alcançou a porta no alto da escadaria, o ar frio e cortante do teto o atingiu como um trem de carga, arrancando a adrenalina de seu corpo. Sua mente, no entanto, ainda dançava. Batman estava atrás dele. BATMAN. Atrás DELE.

Mas porquê? Ele não era alguém realmente perigoso, como o Coringa ou aqueles outros caras. Pessoas que podiam destruir Gotham, os Estados Unidos, ou mesmo o planeta inteiro se alguém os deixasse de mau humor. Ele era só Johnny Speculux, e tudo o que ele tinha feito foi apagar duas pessoas, mais por acidente do que por intenção. Não podia ser tão ruim assim, podia?

Um assobio metálico cortou o ar noturno como uma lâmina, e alguma coisa enrolou-se no cabo de apoio da caixa d'água no teto, conduzindo uma linha quase invisível. A linha tensionou, e uma sombra enorme e esvoaçante pairou até o topo.

Johnny Speculux estava correndo. Do outro lado do teto havia uma plataforma para os limpadores de vidro, suspensa por cordas que desciam até a rua. Seu coração batia como um martelo atingindo uma bigorna incandescente enquanto ele se equilibrava pelo lado do prédio até a plataforma a poucos metros do parapeito. O pânico apressava seus movimentos num borrão frenético... o Batman estava ali em cima com ele, em alguma parte atrás dele, em algum lugar entre as sombras. Quando ele agarrou a corda e a plataforma começou a descer em pulos dolorosamente curtos, Johnny Speculus fechou seus dedos frios em torno do peso dentro de seu bolso. Acima dele, a lua cheia o fitava como um ciclope insensível...

...e subitamente não havia mais lua. Algo a eclipsava.

Johnny Speculux ouviu alguém distante gritando com uma voz muito parecida com a dele. Ele disparou uma vez contra o caos de sombras penduradas no parapeito. Não houve reação... o farfalhar da capa tornava impossível saber se os tiros haviam atingido carne ou tecido. Ele atirou de novo.



A bala cortou a corda da plataforma.

A plataforma se desequilibrou.

Johnny Speculux e A Pistola caíram de uma altura de vinte e três andares. A Pistola tornou-se uma massa disforme de metal com o impacto no asfalto.

Ele foi identificado por sua arcada dentária. Seu nome era Gianni Carlos Pavrotti. Ele tinha dezoito anos e vinha de uma família italiana que havia chegado à América no começo dos anos 50.

"Johnny Speculux" não era seu verdadeiro nome.

E uma grande porção de vingança foi usada na fabricação daquela arma...

FIM

terça-feira, 17 de maio de 2011

Dorkly Bits: Humor & Games


por Augusto Severo


Humor na Internet é coisa dinâmica: muda toda hora e nos bombardeia com modinhas. De Memes à sátiras, a Internet nos propicia uma grande variedade de piadas,sejam elas boas ou apenas bem intencionadas; E o que é melhor, para todos os públicos. Mas definitivamente não é coisa fácil de se fazer: é preciso ser original, ter o timing certo e, mais importante, a capacidade de fazer as pessoas riem até mijarem nas próprias calças.

Dorkly (www.dorkly.com) é exatamente TUDO ISSO. Originado do já prestigiado College Humor, o grupo de humor americano que ja fez até programas da MTV gringa, DORKLY é o braço na internet responsável por fazer humor usando os GAMES como referências, e abordando seus personagens pops de maneira inusitada e desproporcionalmente hilária.



Em um dos vídeos, baseado no clássico, MS PACMAN, a Senhora PACMAN é divertidamente perseguida pelos fantasmas no labirinto, até que, ao chegar em casa, tira o laço da cabeça, revelando ser o SENHOR PACMAN! Ele ainda se indaga: "OHH, PACMAN, o que você tá fazendo...?" Impossível não captar a sagacidade.
Um dos mais hilários é o do Noob Saibot vs Liu Kang, dois personagens do Mortal Kombat, onde o Noob Saibot se revela um Iniciante (noob é uma gíria para novato, nos EUA), e nao demonstra nenhuma habilidade para executar seus golpes! O final desse é hilário, praticamente um Stand Up!!

Todo os vídeos são em Inglês, o que requer do espectador uma mínima noção desse idioma, mas que não atrapalha aqueles que estiverem afim de gargalhadas despretenciosas e autênticas. As narrações dos personagens são realizadas pelos próprios produtores das animações (destaque para o Mário e seu sotaque italiano, muito bom!).

Dorkly é a prova de que tanto o Humor quanto os Games sempre renderão boas novidades, principalmente se caminharem de mãos dadas com a criatividade. Tá dada a dica!!


VISITEM: www.dorkly.com

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Akira

Uma das capas da magnífica graphic novel
Esta obra prima de Katsuhiro Otomo é um épico contemporâneo criado originalmente como graphic novel de 38 edições com 60 páginas cada.  Aqui no Brasil, foi lançada no ano de 1990 pela Editora Globo.  Curiosamente o último número da saga não saiu no mesmo ano devido a algum problema jurídico ou diplomático.  Sendo que os leitores tiveram de aguardar até o ano de 1998 para que a história fosse concluída com o lançamento da edição 38.
O roteiro em si demonstra a aventura progressiva e dramática de uma gangue de motoqueiros adolescentes que, sem querer, se envolvem com um projeto de desenvolvimento de psicocinese em cobaias humanos.  Um dos líderes da gangue (Tetsuo Oshima) desenvolve os poderes e passa a ser o vetor que liga o resto da gangue com o projeto grandioso que acabará por influenciar em todo o planeta Terra.
O que chama atenção, além do criativo roteiro com bons diálogos, é a megalomania explícita no potencial destrutivo urbano.  Certo que isto é uma característica da cultura artística (principalmente dos cinemas) japonesa, mas em Akira, isto é levado ao extremo.  Se vê tamanha destruição que chega a perturbar quem tiver a síndrome do pânico ou quem simplesmente sofrer dos nervos.
Tetsuo modifica a lua afetando a Terra
Mas afinal quem é Akira?  Um garotinho de 4 anos de idade com poderes equivalentes ao de uma bomba atômica.  Tamanho é o seu poder que o corpo deste personagem é mantido com os órgãos separados em cápsulas trancafiadas numa fortaleza tecnológica.  Quando este é despertado por Tetsuo, a destruição se dá início.  O mais bacana é toda a história que vai se desenvolvendo, após o despertar de Akira, nas ruínas de Neo Tókio.
Baseado no mangá, deu-se um anime longa metragem homônimo lançado no ano de 1988 com direção do próprio Katsuhiro Otomo.  Evidente que a adaptação para a película passou por enormes mudanças para caber em 124 minutos de filme.  Contudo, trata-se dos mesmos personagens em situação semelhante, mas com uma cronologia diferenciada (prova disso é que diferente do mangá, no filme Akira desperta somente no final da história).  Como o desenho é dirigido a um público maior e mais diversificado, a violência foi minimizada e até o uso de drogas, bem destacado no mangá, não aparece nas telas do vídeo.  Porém, a grandiosidade, o drama e a intensidade da violência ainda assim se fazem presentes na adaptação.
Tanto o filme quanto a série em revistas, podem ser encontrados pra venda ou download na Internet.  Trama muito bem bolada que influenciou, e ainda influenciará, gerações de artistas, Akira é referência não só para o gênero mangá, como para os quadrinhos e animes em geral.
Abaixo duas páginas que apresentam a arquitetura  exagerada, que posteriormente é destruída, mostrando megalomania na obra .

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Raça da Noite

A capa de uma das revistas da saga
Um escritor de terror pra ser elogiado por Stephen King, tem de ser no mínimo bom, mas podemos agregar a Clive Barker qualidades como criativo, impressionante e outras mais.  Sua obra mais conhecida é “Hellraiser”, mas é em “Raça da Noite” que o autor conseguiu sua maior diversificação de produto no tocante à mudança de linguagem.  O livro conta uma história surpreendente a cada capítulo que prende a atenção do leitor de forma cativante.  O protagonista Aaron Boone vive o tormento de visões de criaturas monstruosas, enquanto a cidade de Midian sofre com uma onda de violentos crimes.  Em meio a tramas e suspenses, Boone percebe que seus problemas estão diretamente ligados aos crimes e a um abrigo no subterrâneo do cemitério, o lar de centenas de criaturas mórbidas que se alimentam de carne e sangue, venerando e obedecendo ao demônio Baphomet.  Numa emboscada de corrupção, Boone acaba sendo ressuscitado pela devida raça e no processo libera seus poderes sobrenaturais latentes.  Até o romance que o personagem mantêm com a bela Lori, é prejudicado pela paranormalidade do caso.  A literatura é na verdade uma adaptação da roteirização da produção americana e canadense (20th Century Fox, 115 minutos, do ano de 1990) que recebeu o nome de “Nightbreed”, e curiosamente tem participação de David Cronenberg (atuando como o Dr. Philip Decker), com direção e roteiro do criador Clive Barker.
Uma das páginas da macabra história
A obra também recebeu uma versão para os quadrinhos, lançado em 1991 no Brasil pela editora Abril em minissérie quinzenal de 10 edições, com o nome de “Raça das Trevas”.  Os escritores Alan Grant, John Wagner e o desenhista Jim Baikie receberam consultoria do próprio Clive Barker durante a produção.  A arte de Baikie não é realista como a de Alex Ross, mas também não deixa a desejar por conseguir transmitir todo o suspense e terror de Barker.
Uma das características de Clive Barker é a grande violência.  Seja na literatura, no cinema e até mesmo nos quadrinhos, o banho de sangue é marca registrada.  O abuso da carnificina se faz de modo espontâneo e sem censura a ponto de mostrar uma psicologia tão densa que chega a ser doentia.
Barker já é referência no estilo.  Seus filmes já teem trilha sonora de nomes como Ozzy Osbourne e Mötorhead e seu reconhecimento já extrapola várias linguagens artísticas.
Com rápida busca pela internet, se encontra facilmento algo do criador.  Vale a pena conhecer algo de sua autoria.

Por: Mário Orestes

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Invasão

HQ inédita do músico e tatuador Afrânio Pires, cedida gentilmente para o Clube dos Quadrinheiros de Manaus