Escritor e desenhista norte americano contemporâneo, Joe Coleman ganhou certa notoriedade pela peculiaridade sombria de seu trabalho. Seus contos são dramatizações da atividade de seriais killers. Até aí nada de anormal, a questão é que ele narra histórias baseadas em fatos verídicos que estão entre o bizarro e o aterrorizante. Levando-se em conta que os Estados Unidos da América, é o país que mais concentra seriais killers no mundo, Coleman tem um farto campo pra exploração de seus contos. O que torna a leitura mais interessante ainda é que sua narrativa é na primeira pessoa sempre mostrando o ponto de vista doentio do assassino em questão. Cada conto é uma viagem alucinante que logicamente termina em violência, tortura, estupro e muito sangue. Chega a ser repugnante em alguns pontos e pode causar náuseas naqueles que não estão preparados para encarar esta realidade obscura do ser humano moderno. Outro forte ponto de Coleman são suas ilustrações. Sim, além de escrever ele também ilustra os próprios contos. São dezenas de ilustrações mostrando uma produtividade incansável e que retratam perfeitamente suas palavras, visto que ele consegue traduzir nos desenhos a insanidade de seus personagens. Ao contrário do que se possa imaginar, não são desenhos toscos. A riqueza de detalhes se faz presente com hachuras constantes, expressões faciais dos sentimentos em jogo e ótimo contraste de luz e sombras que realça o preto e branco. A harmonia é perfeita e instigante, chega a ser perturbadora. Leitura que pode incitar o sonho (ou pesadelo) durante o sono.
Conforme palavras do mestre Robert Crumb: “O trabalho de Joe Coleman tem a contundência de alguém comprometido em um esforço urgente para preservar sua própria sanidade. Sua arte visual é, para o meu gosto, uma das melhores existentes nos dias de hoje.”
Pra finalizar esta resenha, uma pérola soltada pelo psicopata mais genial que já existiu, Charles Manson: “Joe Coleman é um homem das cavernas em uma espaçonave.”
Sangue Ruim, 2005, Editora Conrad, tradução de Tatiana Öri-Kovacs, 175 páginas.
Por: Mário Orestes
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