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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Natal Chegou


(E chegou também a época de maior hipocrisia da humanidade)

Não gosto do NATAL.

Uma amiga, em certa situação, já me apelidou de Grinch (aquele bicho verde aficcionado com a idéia de destruir o Natal). Não odeio de fato. Eu gosto da ideia da família reunida, da comida e da bebida. 

Aliás, são três coisas que podíamos ter toda semana. Mas uma grande maioria das pessoas prefere ver a família, comer e beber em honra ao aniversário do Big Boss "Jesus Christ", isso imaginando que ele realmente nasceu no tal dia! 

Não cabe a mim levantar fatos sobre isso, todo mundo que já leu sobre isso sabe que a data o nascimento do cara foi decidida num conselho romano, que promoveu o sincretismo religiosos mais convincente do ocidente. O resto é balela.

Natal Lembra o papai Noel. E com o tempo, Papai Noel barrou o JC.

Refiro-me ao Papai-Noel da Coca-Cola. Esse sim é pop! Tem jingle, filme, o caralho a quatro. Mora no Pólo Norte, tem uma fábrica de brinquedos onde ELFOS o ajudam a construir brinquedos para TODAS (a iah aiuah iau ha) as crianças do mundo. Ah, ele voa num trenó mágico puxado por renas. ACREDITEM SE QUISER!

Fuleraram com o Noel. O Mito verdadeiro é muito mais legal.

Ele não se chamava Papai Noel, ele se chamava Korvatunturi.

Um velho demoníaco, de mais de 4 metros de altura, com garras, chifres gigantescos, barba ensaguentada.

Morava em uma caverna, mas perambulava durante o fim do ano por toda a floresta. Carnívoro, comia renas inteiras. RENAS!

Mas seu prato favorito eram crianças desobedientes. Caso as crianças não se comportassem bem no ano, o Korvatunturi aparecia na vila, raptava o garoto desordeiro, e o fervia VIVO em óleo fervente, para então chupar o tutano dos seus ossos.

Então, os pais colocavam pedaços frescos de renas nas cercas das propriedades, para que o Velho demoníaco mudasse de ideia, e levasse a carne e não a criança. 

Quando satisfeito, o Korvatunturi colocava um pequeno presente, no lugar da carne, para a criança comportada (e não devorada). Presentes pras crianças boazinhas!

Com o advento do cristianismo, principalmente nessas regiões frias, o Korvatunturi também foi sincretizado, tornando-se o São Nicolau, o Santa Klaus e outros “santos” que adoram criancinhas no Natal.

E no fim, até esses santos foram perdendo seu caráter religioso, tornando-se o Papai-Noel Pop Caucasiano Ocidental Americano.

Fato importante a ser colocado é que em quase todas as culturas da antiguidade que viviam em regiões geladas possuem algum tipo de “feriado”, culto especial, reunião comunitária, onde as pessoas da tribo se reuniam para festejar, mas o verdadeiro intuito de tais celebrações era manter os entes-queridos próximos, pois é no inverno que o perigo ronda a floresta: lobos, ursos, desfiladeiros. FESTEJAR no fim do ano, naquela época, era uma boa desculpa pra você ficar por perto, e evitar que fosse devorado a trinta passos da aldeia.

Claro, tudo acabou se tornando um mix de refrências iconográficas, e qua ainda se utilizam do fantástico e do misterioso (como as religiões tanto se utilizam) para se fazerem vivas na mente das pessoas. Convenhamos: Um velho gordinho, que mora com ELFOS no pólo Norte, QUE VOA NUM TRENÓ... Religião e mito até dizer chega, né?

Natal tá chegando. Presente, lasanha, champanhe e tudo que há de bom para as pessoas. Mas cá entre nós... Diante do (suposto) nascimento de Jesus Cristo, diante do Papai-Noel da Coca-Cola... Não é meio que MAIS DIVERTIDO imaginar que, há muito, muito tempo atrás, havia algo realmente sombrio e arrepiante no inverno?

Não é divertido imaginar o Natal com o Korvatunturi?

Eu acho que sim.


-Augusto Severo, Ateu, músico, estudante de História e fã do verdadeiro Papai-Noel

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