5 mangás (pós) apocalípticos fofos que vão partir seu coração |
O título dessa lista não poderia ser mais verdadeiro. Não se engane, apesar de esses 5 mangás parecerem muito fofinhos e até mesmo inofensivos à primeira vista, não baixe sua guarda. Sofrimento à vista, mate.
Já que vamos falar de fazer você sofrer com cada leitura, vamos estabelecer a lista por nível de sofrimento: começar de mansinho e terminar com lágrimas que não vão caber em uma piscina olímpica. Então, vamos lá!
1# A Aranha Gigante e Eu (Giant Spider and Me)
Título original: 終わりのち、アサナギ暮らし / Owari Nochi, Asanagi Kurashi
Autoria: Kikori Morino
Esse mangá conta a história de uma dupla inusitada: Naga e uma Aranha Gigante, Asa. Toda a Terra foi inundada e o mangá apresenta cenas desse gigantesco desastre natural sem perder de vista que essa é uma história “Slice of Life” (iyashikei, ou seja, que visa contar apenas uma parte da vida das personagens). Frequentemente você recebe lembranças de que esse é, de fato, um mundo pós-apocalíptico em que Naga está sozinha porque seu pai foi procurar por mais recursos no que sobrou desse mundo.
Além disso, muito embora Asa aparente ser uma criatura fofa e muito dócil, não podemos nos esquecer que é uma aranha gigante com enormes presas que poderá se tornar violenta, tirando todo o conforto que um iyashikei teria e sempre deixando claro que, nem mesmo com toda essa meiguice aparente, o mundo não é um lugar fácil para sobreviver. Pequenos momentos em que vemos cidades desoladas, ônibus abandonados para a natureza tomar conta e, até mesmo o recorrente tema da solidão de Naga demonstram que o mundo é mesmo um lugar inóspito. A tentativa de Naga de se conectar a tudo e a todos através de suas habilidades culinárias é um foco bastante doce para uma história que poderia ser ainda mais terrível. Esse é, também, um conto sobre amizade e sobre encontrar conforto até mesmo quando tudo parece perdido. Então, se você procura algo que consegue misturar uma calorosa amizade com o temor constante que é sobreviver ao fim do mundo, essa é a história para você.
2# O Último passeio das garotas (Girls’ Last Tour)
Título original: 少女終末旅行 / Shōjo Shūmatsu Ryokō
Autoria: Tsukumizu
O mundo acabou e o que sobrou dele está nesse prédio com infinitos andares. Cair desse prédio significa cair para o incerto, seja esse incerto a morte ou um andar inferior. O que nos restas é subir. Subir até encontrar o último andar desse mundo. Essa é a premissa de Girls’ Last Tour. Acompanhamos a história sob o ponto de vista de duas garotas, Yuuri e Chito, enquanto elas desbravam os restos da civilização humana, sobrevivendo dia após dia, enquanto encontram outros sobreviventes em sua jornada. É uma história melancólica e ao mesmo tempo doce sobre como a amizade pode ser a chave para nossa sobrevivência como espécie, como seres humanos. Sob essa aparência fofa das duas meninas, podemos facilmente ser enganados e acharmos que é um mangá fofinho para ser lido acompanhado por uma xícara de chá. Mas, não se enganem. Essa é uma história sobre a desolação e sobre as ínfimas coisas que nos tornam humanos e sobre como nos agarramos a essas amenidades quando toda esperança parece estar por um fio. É sobre como nos agarramos aos papéis em que desenhamos mapas que ninguém jamais verá. É sobre como cuidados do último peixe da Terra, porque esse é o nosso dever. É sobre como queremos chegar muito mais alto para descobrir o que tem no topo desse nosso prédio que chamamos de vida. O que você faria se tudo o que restasse do mundo fosse você? Essa história te convida a tentar responder essa pergunta, isto é, se você quiser mesmo responde-la.
3# (Sobre)Vivendo na Escola! (School-Live!)
Título original: がっこうぐらし! / Gakkō Gurashi!
Autoria: roteiro por Norimitsu Kaihō e arte por Sadoru Chiba (Nitroplus')
Não se engane pelas capas coloridas dos volumes desse mangá. Ele entra em número três nessa lista por uma boa razão. Mesmo que a personagem principal, Yuki Takeya faça você acreditar que está tudo bem, não acredite. Esse mangá, que parece mais um iyashikei com colegiais japonesas à primeira vista, é tudo menos isso. Esse é um mundo devastado por um vírus que transformou quase todos os humanos em carcaças pútridas (sim, você pode chamá-los de zumbis!) e essas garotas estão vivendo na barricada que elas mesmas construíram em sua escola (a escola Megurigaoka). Enquanto temos Yuki vivendo num delírio de que tudo está bem com o mundo, temos as outras personagens tentando sobreviver, manter a própria sanidade intacta e proteger Yuki.
Kurumi Ebisuzawa é quase sempre enviada nas missões perigosas para conseguir mais mantimentos e usa uma pá para se defender dos zumbis (e isso é tudo o que posso falar sobre ela, sem cair nos spoilers!). Yuuri Wakasa cuida de preparar a comida e ver a quantidade de mantimentos disponíveis, no entanto, de todas as meninas, é a que sempre está por um fio de surtar completamente, razão pela qual as demais meninas não a deixam sair da escola. Miki Naoki é, de todas, a mais corajosa, mas também pode parecer ser a mais cruel, em especial por não se agradar da maneira com a qual Yuki vê tudo como um mar de rosas. Por fim, temos o Taroumaru, o pequeno cachorrinho chiba que acompanha as meninas em sua tentativa de sobreviver na escola. Essa é uma história que lida com temas sensíveis de saúde mental e de mecanismos de defesa quando se está passando por uma situação muito apavorante. Recomendo que seja lido com cautela, porque é um mangá que, por certo, irá partir seu coração. Mas, se você assim como Miki, tem coragem o suficiente para enfrentar tudo isso, é uma história que vai te prender desde o primeiro capítulo.
4# Nascido no Abismo (Made in Abyss)
Título Original: メイドインアビス, Meido in Abisu
Autoria: Akihito Tsukushi
Novamente, encontramos um mangá que parece ser muito fofinho, mas que esconde uma realidade muito mais obscura. Made in Abyss conta a história de Riko, uma menina que mora em um orfanato na cidade de Orth. Essa cidade foi construída circundando um estranho buraco que parece não ter fundo, chamado por todos de Abismo (Abyss, Abisu).
O Abismo é um lugar estranho, habitado por criaturas monstruosas e que ainda guarda artefatos de uma civilização muito antiga. Vários aventureiros tentam encontrar esses artefatos, seguem até o Abismo, contudo, muitos desses aventureiros quando voltam para os níveis superiores são acometidos de uma doença estranha, que os mata de maneira dolorosa e sofrida, chamada de "a Maldição do Abismo".
Riko deseja descobrir mais sobre sua mãe, Lyza, que era uma dessas aventureiras que se perdeu no Abismo e é justamente nesse momento que começa o mangá. Durante o momento inicial de sua aventura, Riko encontra Reg, com quem forja rapidamente uma bela amizade. Assim que um balão vindo das profundezas do Abismo chega até Orth, Riko e Reg recebem uma mensagem de Lyza, que está esperando por Riko no fundo do Abismo. Graças a essa mudança de ventos, Riko está decidida a seguir os passos da mãe e se aventurar no Abismo, custe o que custar. Reg e Riko partem para o Abismo determinados a encontrar Lyza e a descobrir os segredos do Abismo. Novamente, esse não é um mangá para os fracos de coração. É uma história com muitos altos e baixos, com muita desgraçada, com muita dor e cenas que podem deixar qualquer sem qualquer esperança pelo sucesso de Riko em reencontrar sua mãe. Contudo, é um conto sobre fé e esperança, até mesmo quando tudo joga contra nossos personagens eles continuam a nos ensinar que o único caminho é seguir em frente, ainda que isso significa descer cada vez mais profundamente para o Abismo (seja ele real ou metafórico).
5# Terra dos Brilhantes (Land of the Lustrous)
Título Original: 宝石の国 / Hōseki no Kuni
Autoria: Haruko Ichikawa
Se você achou que pouca coisa poderia quebrar você depois de Made in Abyss, você achou errado.
Houseki no Kuni existe solenemente para nos destruir completamente. Por baixo de toda essa histórias de pedras preciosas que ganham vida. Tudo é brilhante e lindo, colorido e amigável. Fosfofillita (フ ォ ス フ ォ フ ィ ラ イ ト, Fosufofiraito, Phosphophillite), a gema principal da história, é o resumo do clássico personagem de mangá que é cabeça de vento, tem grandes aspirações e que almeja descobrir seu lugar no mundo. No início da história, você tem certeza que Phos (afinal, todos chamam assim, quero chamar assim também!) vai protagonizar uma história cheia de aventuras, flores, borboletas e as coisas mais adoráveis que o mundo pode oferecer... Exceto que o próprio mundo em que a história ocorre num futuro muito distante em que humanos não vivem mais na Terra e a Terra foi atingida por seis meteoros, tendo sido completamente destruída no processo. Depois de milhares de anos, uma nova raça de formas de vida sencientes emergiu: eram joias imortais que passaram a assumir uma forma humanoide e construir sua própria cultura no que tinha sobrado da Terra. Tudo o que há na Terra é uma pequena ilha em formato de lua crescente, coberta por vegetação e banhada pelo belo e infinito oceano azul. Nesse pequeno pedaço de terra moram todas as gemas (ou joias, se preferir) cada qual realizando suas atividades diárias. Phos, no entanto, é uma pedra de baixa dureza, se quebrando ao menor acidente e, por conta disso é considerada inútil pelos demais habitantes da ilha. Enquanto Phos tenta descobrir um bom motivo para existir e ser útil, as joias lutam contra os lunares, o povo que habita a Lua e desce à Terra para tentar destruir o estilo de vida das joias. A única constante por toda a história é Phos, entretanto, Phos é o personagem mais inconstante que se poderia encontrar: por conta de sua baixa dureza, Phos não funciona corretamente em batalha, razão pela qual vai perdendo, sistematicamente, seus pedaços que vão sendo substituídos por outras gemas de maior dureza ou, até mesmo, por outros tipos de elementos. Assim como seu próprio corpo, a personalidade Phos vai mudando gradualmente no decurso do mangá. Será que Phos ainda será a mesma joia ao final desse processo? Para quem gosta de ler temas filosóficos mais densos sobre a existência, sobre a alma e sobre o Budismo, Houseki no Kuni é o mangá para você. Mas, leia esse mangá sabendo que nem sempre o navio que volta ao porto é o mesmo navio que começou a jornada.
É sempre bom lembrar que não devemos julgar um livro pela capa, não é mesmo?
E você, já conhecia esses mangás? Aproveite a sessão de comentários para falar um pouco sobre a sua experiência com esses títulos que enganam ao primeiro olhar.
Créditos
Texto: Carol Peace
Revisão: Carol Peace e Felipe Lima
Nenhum comentário:
Postar um comentário