É inegável a regressão criativa que a Indústria Cinematográfica, bem como a maioria da Indústria Cultural, sofreu de umas décadas atrás para os dias de hoje. O fato comprovado encontrou como escape o nicho descoberto nas histórias em quadrinhos e suas adaptações para a devida indústria ativa, que conseguiu marcos históricos nas bilheterias, nos tempos do compartilhamento virtual gratuito. Não demorou muito pra este escapismo ser usado nas séries de TV. Pode-se relacionar uma significativa lista de seriados se entrarmos na citação de nomes, mas fechemos somente neste em destaque aqui aberto. “Demolidor”, “The Daredevil” da parceria Marvel-Netflix, surpreende, mesmo no estereótipo de super-herói, já bem deglutido pelo telespectador.
Poster da primeira série da parceria Netflix-Marvel |
A produção esta simplesmente digna do detalhismo técnico exigido pela Academia, tida como a melhor do mundo. O que mais se faz notar é fotografia, direção, iluminação (perfeita, diga-se de passagem), cenografia, coreografia e roteiro. A atuação de Charlie Cox consegue convencer bastante como Matt Murdock, e o que é melhor, consegue levar a personalidade flexível, carismática e calculista do advogado cego para seu alter ego, o justiceiro notívago implacável e sedento de sangue. Aliás, sangue há em demasia nas cenas crônicas urbanas. A própria abertura do seriado, já dá um literal banho de sangue em toda a cidade representada belamente em elementos gráficos digitais. O roteiro da trama central de cada capítulo, mostra o surgimento do personagem, desde o uso de seu primeiro uniforme, o desenvolvimento evolutivo de sua atuação, o aparecimento de protagonistas importantes e referências de uma crônica longa separada em episódios sombrios.
Uma grande virtude na direção e roteiro, é a exposição do lado humano de Demolidor. Ele não possui grandes poderes como voar, super força física ou lançar raios translúcidos letais. Sua única grande habilidade está no seu sistema sensorial que o faz perceber ampliadamente o mundo a seu redor, sem precisar de visão. Este detalhe além de explorar a violência com seu sofrimento no enorme empenho em toda cena de luta, leva o telespectador a uma identificação imediata com aquele dito Super-Herói.
A sagacidade da produção, ainda linkada no escape citado no primeiro parágrafo, foi efetiva em ser muito fiel às histórias de Frank Miller, o que agradou bastante aos fãs e a crítica. Não é a toa que o nome de Stan Lee e Joe Quesada contam nos créditos do seriado, como Produtores Executivos. O sucesso da séria “Demolidor” da Netflix já garantiu continuação nas próximas temporadas e fortes especulações para outras séries desta parceria com a Marvel, que indica ser duradoura.
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